E Trump recua…

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[23/04/25]

… Veio bem pior que o esperado o balanço da Tesla, ontem à noite, mas a ação chegou a disparar quase 8% no after hours, enquanto Elon Musk prometia aos investidores reduzir a “um ou dois dias por semana” seu trabalho no governo americano a partir de maio, para se dedicar à sua empresa. O after market em NY também foi positivamente influenciado por declarações de Trump no final da tarde, quando desmentiu qualquer intenção de demitir Powell e sinalizou que pode ceder nas tarifas à China. “Não pegaremos pesado com eles.” Na agenda de hoje, uma bateria de índices PMI da atividade global mede a atividade global, inclusive nos EUA, onde também será divulgado o Livro Bege do Fed, que servirá de base para a próxima reunião de política monetária (07/05). No Brasil, não há indicadores previstos.

… Em conversa com os jornalistas no Salão Oval, Trump disse que, apesar de sua frustração pelo Fed não ter agido mais rapidamente para cortar os juros, não tinha intenção de demitir o presidente do BC americano, Jerome Powell.

… “A imprensa espalha. Não tenho intenção de demiti-lo. Gostaria de vê-lo um pouco mais ativo em sua ideia de reduzir as taxas de juros.”

… Trump fez ataques duros contra Powell nos últimos dias, chamando-o de “senhor sempre atrasado”, enquanto corriam especulações de que ele e sua equipe buscavam uma maneira de tirá-lo do comando do Fed antes de expirar seu mandato, em 2026.

… O diretor do Conselho Econômico Nacional de Trump, Kevin Hassett, chegou a admitir a repórteres na 6ªF que Trump estava estudando a questão se ele poderia demitir Powell, após uma série de postagens do presidente nas redes sociais e comentários públicos.

… O presidente dos Estados Unidos reclamou repetidamente que o Fed não estava cortando as taxas de juros com rapidez suficiente.

… No Truth Social, Donald Trump escreveu que “a demissão de Powell pode não vir rápido o suficiente”, abalando os mercados, que já são fortemente atingidos pelas incertezas com a política tarifária. As críticas tiveram repercussão muito negativa.

… Foi unânime a avaliação de que ferir a independência do Fed provocaria ainda mais estragos do que as próprias tarifas, com o dólar em queda livre perdendo status de reserva de valor e uma liquidação dos Treasuries, considerados os ativos mais seguros do mundo.

… Depois de um pregão de risk-off na 2ªF, Trump passou o dia em silêncio e um comentário do secretário do Tesouro, Scott Bessent, deu a senha para a recuperação dos mercados, ao sinalizar para um acordo comercial em breve com a China.

… Em um evento fechado à imprensa, Bessent classificou o impasse tarifário como “insustentável”, afirmando que os dois lados teriam de encontrar uma maneira de apaziguar a situação. A notícia apurada pela Bloomberg virou o humor dos investidores (leia abaixo).

… Trump também mudou a conversa sobre a China na entrevista coletiva na Casa Branca, dizendo que as tarifas finais sobre a China não chegariam “nem perto” dos 145%, que seria “muito gentil” e que não vê necessidade de “jogar duro” com os chineses.

… Pouco antes, a secretária de imprensa, Karoline Leavitt, tinha dito que os acordos comerciais estão avançando e que “a bola estava indo na direção certa com a China”, enquanto o site Politico antecipava negociações positivas com o Japão e a Índia.

… Leavitt disse ainda que 18 países apresentaram ofertas comerciais e que a equipe do governo americano se reunirá com 34 países nesta semana. Para jornalistas que cobrem a Casa Branca, a ânsia em demonstrar progresso nos acordos comerciais ficou evidente.

… À noite, a Reuters apurou com fontes que Trump e Xi Jinping se encontrarão no início de maio.

AS PROJEÇÕES DO FMI – Prosseguem em Washington as reuniões do Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, que movimentam noticiário econômico extenso. Nesta 3ªF, relatório do FMI reduziu a previsão de crescimento global para este ano de 3,3% para 2,8%.

… O documento aponta que as incertezas provocadas pelas tarifas dos EUA motivaram a revisão em baixa, mas, segundo o FMI, os índices seguem ainda muito acima dos níveis de recessão. Para 2026, a projeção do PIB global recuou de 3,3% para 3%.

… Para os Parte inferior do formulário

EUA, a guerra comercial provocará um choque de oferta que elevará os preços e afetará a produtividade, afirmou o FMI, e para os parceiros comerciais, as tarifas mais altas se traduzirão em um choque de demanda que afetará a produção e os preços.

… Embora os Estados Unidos “provavelmente evitem uma recessão este ano”, o FMI aumentou as chances de 27% em outubro para 40%.

… A previsão é de que os EUA cresçam 1,8% este ano e 1,7% em 2026, uma redução de 0,9 e 0,4 ponto percentual, respectivamente. O FMI aumentou sua previsão para a inflação dos EUA em 2025 em cerca de um ponto percentual, para 3%.

… Já a projeção para a China é de um crescimento de 4% neste ano e no próximo, queda de 0,6 e 0,5 ponto percentual. Segundo o FMI, a política fiscal expansiva de Pequim contribuirá para amenizar o impacto das tarifas.

… O Fundo ressalva que as perspectivas de crescimento mundial melhorariam imediatamente se as tensões comerciais se acalmassem e as reclamações de longa data sobre barreiras não tarifárias e medidas de distorção comercial de alguns países fossem abordadas.

CHRISTINE LAGARDE – Em entrevista à CNBC, a presidente do BCE, que está em Washington para as reuniões do FMI, descartou o risco de recessão na Zona do Euro, embora tenha reconhecido o impacto “bem prejudicial” das tarifas no crescimento do bloco.

… Lagarde também afirmou que tem “completa certeza de que há espaço para negociar tarifas” com os Estados Unidos e comentou sobre a valorização do euro, contrariando as projeções iniciais que mostravam o dólar se fortalecendo. “Não foi o que aconteceu.”

… Para o vice do BCE, Luis de Guindos, o euro pode se tornar uma alternativa ao dólar como reserva de valor.

… Falando a estudantes em Madri, ele afirmou que isso ainda não é possível, mas poderá ser em “alguns anos”. “Se ocorrer um processo de integração adicional na Europa, estou convencido de que o peso do euro aumentará globalmente.”

GALÍPOLO – O presidente do BC embarcou ontem à noite para os Estados Unidos, onde participará das reuniões do FMI e do BIRD.

HADDAD – O ministro da Fazenda participa, às 9h30, de evento promovido pela CNN Brasil, em Brasília.

LULA – Deve comparecer hoje a um jantar com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), e líderes da Casa, dias depois de a bancada do PL ter protocolado o requerimento de urgência para o projeto de anistia aos presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro.

… Segundo apurou o Valor com assessores próximos, Lula tentará convencer os parlamentares a abandonarem essa medida.

… O presidente viaja amanhã à noite para acompanhar o funeral do Papa Francisco em Roma, no sábado. Foram convidados para integrar a comitiva os presidentes da Câmara, Hugo Motta, do Senado, Davi Alcolumbre, e do STF, Luis Roberto Barroso.

BALANÇOS – Divulgam resultados hoje em NY: Philip Morris, IBM, AT&T, ServiceNow, Thermo Fisher, Texas Instruments, NextEra Energy, Boston Scientific, Boeing, CME Group, GE Vernova, Lam Research, O’Reilly Automotive, General Dynamics, Chipotle, Newmont…

… E ainda: Waste Connections, Norfolk Southern, Vertiv Holdings, FirstEnergy, Teradyne, Alaska Air, Meritage Homes e Whirlpool.

TESLA – Apesar de a empresa ter reportado resultado trimestral fraco, o comentário de Musk de que pretende reduzir “significativamente” seu trabalho no governo Trump garantiu rali de 5,39% à ação no after market.

… O lucro líquido da montadora caiu 71% no 1Tri, enquanto a empresa enfrenta dificuldades para lidar com a pressão da concorrência no exterior e os impactos de reputação causados pela atuação política de Musk.

… O lucro ajustado por ação, de US$ 0,27, veio muito abaixo das expectativas dos analistas, de US$ 0,41. A receita da Tesla, de US$ 19,3 bilhões, registrou queda de 9% em comparação com um ano antes.

… Ainda no after hours, os papéis da Intel subiram 2% com a informação de fontes da Bloomberg de que a companhia pretende anunciar planos esta semana para cortar mais de 20% de seu quadro de funcionários.

B3 – No Brasil, tem Hypera, antes de Vale e Usiminas amanhã (5ªF).

MAIS AGENDA – O BC solta o fluxo cambial semanal (14h30). Lá fora, antes do Livro Bege (15h), saem as leituras preliminares de abril do PMI/S&P Global composto nos EUA (11h45), Alemanha (4h30) e zona do euro (5h).

… Nos EUA, saem também as vendas de moradias novas em março (11h) e estoques de petróleo (11h30).

… Ainda nesta 4ªF, falam Austan Goolsbee, do Fed/Chicago (10h), e o diretor do Fed Christopher Waller (10h30).

JAPÃO HOJE – O PMI/S&P Global composto subiu de 48,9 em março para 51,1 em abril e voltou ao território de expansão. O PMI industrial avançou de 46,6 para 48,9 no período e o PMI de serviços foi de 50,0 para 52,2.

O IMPÉRIO CONTRA-ATACA – Se não surgir nenhuma nova bomba, NY pode estender o otimismo na abertura dos negócios hoje, agora que Trump dá sinais de que pode parar de comprar (pelo menos) uma briga por dia.

… Abaladas nos últimos tempos pela forte turbulência nos EUA e cansadas de tanto sofrer, as bolsas em NY não desperdiçaram ontem a chance de correr atrás do prejuízo, aproveitando que Trump ficou de boca fechada.

… Testando uma recuperação parcial depois dos tombos recentes, o Dow Jones subiu 2,66%, aos 39.186,98 pontos; o S&P 500 avançou 2,51%, aos 5.287,76 pontos; e o Nasdaq teve alta de 2,71%, aos 16.300,42 pontos.

… A reação positiva conseguiu reerguer o dólar lá fora, que tem estado tão fragilizado pelos impactos do tarifaço e pela batalha particular de Trump contra Powell, nos ataques que ameaçam custar a credibilidade do Fed.

… Depois de ter atingido a mínima em três anos um dia antes, a moeda americana recobrou ontem parte da sua dominância. O índice DXY, que mede a força do dólar, registrou alta de 0,65%, para 98,918 pontos.

… Diante do maior apetite por risco, o investidor reduziu o apelo por ativos seguros como o iene, que desvalorizou para 141,53/US$. O euro afundou 0,90%, para US$ 1,1430, e libra esterlina caiu a US$ 1,3338.

… Outra prova de que o mundo conseguiu dar uma relaxada veio do comportamento do ouro, que caiu 0,17%, a US$ 3.419,40 por onça-troy, depois de ter ultrapassado mais cedo, pela primeira vez, a marca de US$ 3.500.

… Por aqui, o Ibovespa não conseguiu acelerar tanto quanto as bolsas em NY, mas a alta de 0,63% foi suficiente para resgatar os 130 mil pontos (130.464,38). O giro fraco de R$ 18,3 bilhões continuou denunciando a cautela.

… Também a forte retirada de R$ 1,1 bi da B3 pelos investidores estrangeiros na 4ªF passada (dia 16) revela o quanto os ruídos da política tarifária têm impactado os nervos. Em abril, o fluxo está negativo em R$ 10,8 bi.

… Vale, que solta balanço amanhã, ganhou 1,78%, a R$ 53,82. Já Petrobras decepcionou (ON caiu -0,54%, a R$ 32,99, e PN subiu só 0,23%, a R$ 30,92), descolada da alta firme do petróleo Brent (+1,78%; US$ 67,44).

… O barril foi sustentado pelas novas sanções dos EUA contra as exportações de petróleo iraniano e pelo sentimento positivo de que a tensão comercial de Trump com a China pode estar em um ponto de virada.

… Os papéis dos bancos fecharam mistos. Bradesco ON caiu 0,53%, a R$ 11,36, e Bradesco PN perdeu 0,39%, a R$ 12,73. No lado positivo, Itaú subiu 1,95% (R$ 33,39); BB, +1,28% (R$ 27,78); e Santander, +0,64% (R$ 26,90).

… O salto de quase 2% do petróleo, que favorece as moedas de países produtores da commodity, como é o caso do Brasil, ajudou o dólar à vista a furar os R$ 5,75 e fechar em queda consistente de 1,32%, cotado a R$ 5,7278.

… Foi o menor valor de fechamento desde o “Dia da Libertação” (3/4), quando Trump anunciou o tarifaço.

… Na curva do DI, as taxas da ponta longa subiram, puxadas pela expectativa com o leilão extraordinário de NTN-Bs de longo prazo que o Tesouro fará hoje. Outro driver de alta veio do tom conservador de Galípolo.

… Em audiência pública na CAE do Senado, ele apontou desancoragem em todos os vértices das metas de inflação, reforçando a convicção de que o Copom subirá o juro em meio ponto em maio e que pode ir além.

… As boas notícias do Focus foram ofuscadas. A estimativa para o IPCA em 12 meses à frente caiu abaixo de 5%, a 4,95% (de 5,01%), e a mediana para 2025, que vinha engessada há três semanas, recuou de 5,65% para 5,57%.

… No fechamento, o DI para Jan/29 subiu para 14,080% (de 14,030%); e o Jan/31 avançou a 14,390% (de 14,280%). Os juros curtos ficaram de lado: Jan/26, a 14,720% (de 14,745%); e Jan/27, a 14,185% (de 14,210%).

… Lá fora, o rendimento da Note de 10 anos assumiu leve queda, a 4,407%, contra 4,414% na véspera.

EM TEMPO… JBS anunciou mais um avanço em seu processo de dupla listagem…

… Com pedido aprovado pela SEC, o Conselho de Administração convocou para 23/5 a AGE que vai decidir se a empresa terá papeis negociados na NYSE e na B3…

… Operação também depende da aprovação da CVM; J&F e BNDESPar, os dois principais acionistas em volume de papeis, vão se abster de votar, o que deixará a decisão a cargo de detentores de pouco mais de 30% do free float…

… Caso a proposta seja aprovada pela assembleia, a companhia estima o início da oferta das ações no mercado americano a partir de junho.

GPA. Grupo de acionistas que detém fatia de 1,79% da companhia indicou Rodolfo Costa Neves Francisco como candidato para eleição do Conselho de Administração, na AGE de 5/5.

EMBRAER encerrou o 1Tri com carteira de pedidos avaliada em US$ 26,4 bilhões, alta de 25% na comparação anual; patamar foi o maior na história da companhia, superando o recorde de US$ 26,3 bilhões apresentado no 4TRI24…

… Empresa entregou 30 aeronaves no 1TRI25, resultado 20% acima do registrado no mesmo trimestre do ano passado, quando 25 aviões foram entregues.

RD SAÚDE aprovou a distribuição de dividendos adicionais no valor de R$ 104 milhões, o equivalente a R$ 0,0607 por ação, com pagamento até 30/5; ex em 30/4.

VIVARA aprovou a distribuição de R$ 155,1 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,6601 por ação, com pagamento até 22/5; ex em 23/4.

ALLOS informou que valor a ser distribuído por ação a título dos dividendos intercalares anunciado em 14/3 foi alterado, devido ao programa de recompra de ações da companhia…

… Com a mudança, valor bruto a ser pago por papel passou a ser de R$ 0,1016, contra R$ 0,1015 antes; pagamento será efetuado em 6/5.

AGROGALAXY registrou prejuízo líquido ajustado de R$ 292,4 milhões no 4TRI, ante lucro líquido ajustado de R$ 107,9 milhões no mesmo período do ano anterior…

… Ebtida ficou negativo em R$ 206,3 milhões, ante Ebitda positivo em R$ 281,7 milhões um ano antes.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Trump aumenta pressão sobre o Fed

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[22/04/25]

… Começou mal a semana em Wall Street, com quedas fortes das bolsas e dos ativos brasileiros negociados em NY, que pedem um ajuste na abertura dos mercados domésticos, fechados no feriado desta 2ªF. Novas críticas de Trump a Powell e pressões para a redução dos juros acentuam os receios de perda da independência do Fed, em meio às incertezas das tarifas, e colocam em xeque o dólar como reserva de valor e os Treasuries como porto seguro. A agenda dos próximos dias prevê índices da atividade global, expectativas de inflação e o sentimento do consumidor americano, além do Livro Bege e Fed boys. Ainda nos EUA, saem os balanços de Tesla, hoje à noite, e Alphabet (5ªF), enquanto a B3 estreia sua temporada com Vale e Usiminas (5ªF). O único destaque entre os indicadores é o IPCA-15.

… Os ataques de Trump a Powell se intensificaram depois que o presidente do Fed disse no Clube Econômico de Chicago que as tarifas do governo republicano vão desacelerar a economia (“embora não chegue a uma recessão”) e elevar os preços da economia dos EUA.

… A sinalização de que o Fomc deverá manter os juros estáveis no intervalo entre 4,25% e 4,50% até que o impacto das políticas de Trump fique mais claro provocou não só a decepção dos investidores como também a ira do presidente americano.

… Powell explicou que o Fed precisa entender qual dos dois mandatos – estabilidade de preços e criação de emprego – será o enfoque da política monetária nos próximos meses. Não apenas descartou cortes iminentes como admitiu que os juros podem subir.

… Nesta 2ªF, Trump disse que “praticamente não há inflação”, com os custos de energia e alimentos em baixa. Em sua rede Truth Social, exigiu “cortes preventivos”. “A menos que o atrasado [Powell] reduza os juros, pode haver uma desaceleração da economia.”

… A pressão de Trump para a queda dos juros inclui especulações sobre uma demissão de Powell, que tem mandato assegurado até o ano que vem, e receios da perda de independência do Fed, que levaria a danos muito profundos, como muitos estão alertando.

… “Os duros questionamentos ao Fed e a Powell representam uma ameaça maior até mesmo do que os regimes tarifários mais agressivos impostos por Trump”, disse, nesta 2ªF, o CEO da CIO Capital Partners, David Bailin, em carta enviada aos clientes.

… Na sua avaliação, a quebra da independência do Federal Reserve poderia minar a confiança na liderança econômica dos EUA, levando os investidores globais a realocar capital para fora dos ativos americanos. “Seriam danos mais profundos e duradouros.”

… Além disso, Bailin adverte que cortes de juros com motivação política para lidar com a volatilidade do mercado de ações ou estimular o crescimento impulsionariam a inflação, forçando a eventuais aumentos acentuados das taxas para restaurar a estabilidade.

… Em outro alerta, o HSBC afirmou que o caos em que está imersa a política comercial dos EUA já prejudicou a “marca” do dólar.

… De acordo com os estrategistas de câmbio do banco, a moeda passou de uma situação de força para uma posição de fraqueza, afetada pelas incertezas das políticas e perda da atratividade como porto seguro. “O dólar perdeu seu fascínio de ativo de proteção.”

… O HSBC espera que a fraqueza do dólar frente ao euro e ao iene japonês persista e tem posição comprada em franco suíço.

… Também a Pimco já questiona o status de reserva do dólar em meio à guerra comercial, com aumento das expectativas de inflação e o enfraquecimento da economia, e recomenda aos investidores reduzir a exposição na moeda americana.

… “Os EUA desfrutaram por muito tempo de uma posição privilegiada, com o dólar servindo como moeda de reserva global e Treasuries como o principal ativo de proteção. No entanto, esse status não é [mais] garantido”, disseram os economistas da gestora.

… A Pimco também sugere operações que se beneficiam com o aumento da inclinação da curva de juros, além de aumentar a exposição aos mercados de renda fixa global, como Europa, mercados emergentes, Japão e Reino Unido.

… A BlackRock está com recomendação de compra apenas para os Treasuries mais curtos, que funcionariam como “caixa”. Já os títulos de prazos mais longos estão com recomendação de venda (“underweight”).

… Para a gestora, as pressões de Trump para reduzir rapidamente o déficit comercial dos EUA poderão elevar os yields dos Treasuries.

… “Os Estados Unidos terão mais dificuldade para financiar sua dívida se as negociações tarifárias imprevisíveis prejudicarem a confiança dos investidores estrangeiros”, ressaltam os especialistas da BackRock, em relatório a clientes.

… Para a Charles Schwab na Dow Jones, os investidores estrangeiros estariam se afastando não só das ações americanas, mas do mercado de câmbio e dos títulos do Tesouro americano em meio às incertezas da política tarifária do presidente Trump.

… A liquidação das ações, do dólar e dos Treasuries em Wall Street, nesta 2ªF, parece confirmar que o movimento já não é mais só um dia de volatilidade, mas reflete a desconfiança dos investidores sobre os ativos americanos (leia abaixo).

GUERRA FRIA – Enquanto a China alertava os países contra acordos comerciais que prejudicassem os seus interesses no fim de semana, fundos estatais chineses interrompiam novos investimentos em private equity dos EUA, informou o Financial Times.

… Pressionados por Pequim, investidores chineses pararam de comprometer capital para fundos geridos por empresas americanas.

… Em alguns casos, eles estão pedindo para serem excluídos de negócios nos EUA por completo. Entre as instituições que estão recuando está a China Investment Corporation (CIC). Outros fundos apoiados pelo Estado também teriam adotado posições semelhantes.

… Nos últimos 30 anos, investidores estatais chineses como CIC e a Administração Estatal de Câmbio (SAFE) desempenharam um papel importante no crescimento do private equity americano, um setor que administra US$ 4,7 trilhões.

… A mudança de postura ocorre enquanto as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo continuam a aumentar.

TESLA – Em meio à guerra tarifária, a temporada de balanços nos Estados Unidos deve mobilizar a atenção dos investidores, a partir desta semana, com duas das chamadas “Sete Magníficas”, Tesla (hoje) e Alphabet (5ªF, 24), a empresa controladora do Google.

… Nos últimos três meses, a Tesla vem sendo alvo de protestos e as ações já perderam quase metade do valor. A expectativa é de que a montadora de veículos elétricos informe lucro menor no 1Tri e vendas mais fracas.

… A empresa deve registrar lucro de US$ 1,44 bilhão, ou US$ 0,33 por ação, segundo analistas consultados pela FactSet. No mesmo trimestre do ano passado, havia reportado lucro de US$ 1,54 bilhão, ou US$ 0,34 por papel.

… O lucro ajustado deve ficar em US$ 0,41 por ação, em comparação a US$ 0,45 na base anualizada. A receita deve subir ligeiramente, para US$ 21,34 bilhões, contra US$ 21,30 bilhões um ano antes, segundo os analistas.

MAIS BALANÇOS – Além de Tesla e Alphabet, mais de 100 empresas do S&P 500 (22% do índice) divulgarão resultados nesta semana.

… Hoje, além da Tesla, tem SAP, Novartis, GE Aerospace, Verizon, Intuitive Surgical, RTX, Danaher, Chubb, Lockheed Martin, Elevance Health, Moody´s, Northrop Grumman, 3M, Capital One, Kimberly-Clark, MSCI, Baker Hughes, EQT, Equifax, NVR, PulteGroup…

… Quest Diagnostics, Synchrony Financial, Steel Dynamics, Halliburton, Northern Trust, Enphase, Mattel e JetBlue Airways.

… Amanhã (4ªF), Philip Morris International, IBM, AT&T, ServiceNow, Thermo Fisher Scientific, Texas Instruments, NextEra Energy, Boston Scientific, Boeing, CME Group, GE Vernova, Lam Research, O’Reilly Automotive, General Dynamics, Chipotle, Newmont…

… Waste Connections, Norfolk Southern, Vertiv Holdings, FirstEnergy, Teradyne, Alaska Air, Meritage Homes e Whirlpool.

… Na 5ªF, Procter & Gamble, T-Mobile US, Pepsico, Merck, Caterpillar, Union Pacific, Comcast, Gilead, Sanofi, Fiserv, Bristol-Myers Squibb, Intel, Arthur J. Gallagher, Republic Services, Equinor, Southern Copper, Royal Caribbean, Carrier Global, PG&E, Digital Realty…

… Trust, Keurig Dr. Pepper, Freeport-McMoran, Deutsche Bank, Nasdaq, L3Harris Technologies, Hess, Valero Energy, Nokia, Dow, Juniper Networks, Western Digital, Mobileye Global, Roku, Hasbro, American Airlines Group, Harley-Davidson e Hertz.

… Encerrando a semana, na 6ªF: AbbVie, Colgate-Palmolive, HCA Healthcare, Aon, Charter Communications, Schlumberger, Phillips 66, AutoNation, LyondellBasell e Centene devem anunciar seus resultados.

B3 – Além dos resultados de Vale e Usiminas, previstos para 5ªF, Multiplan divulga balanço no mesmo dia.

… Hoje saem os números de Agrogalaxy e, na 4ªF, de Hypera.

MAIS AGENDA – Índices de atividade industrial e de serviços de abril, medido pelo Fed/Richmond, serão divulgados hoje às 11h nos EUA, no mesmo horário em que sai na Zona do Euro a prévia do consumidor de abril.

… Ainda nos EUA, dois Fed boys falam hoje: Phillip Jefferson (10h) e Patrick Harker (10h30).

… Amanhã (4ªF), uma bateria de índices PMI dão o ritmo da atividade global, com dados na França, Alemanha, Zona do Euro, Reino Unido e EUA (10h45), onde também será divulgado o Livro Bege do Fed, que servirá de base para a próxima reunião do Fomc (07/05).

… Ainda nesta 4ªF, falam Austan Goolsbee, do Fed/Chicago (10h), e o diretor do Fed Christopher Waller (10h30). Neste domingo, em entrevista à televisão CBS, Goolsbee disse que quebrar a independência do Fed “minaria a sua credibilidade”.

… Na 5ªF, são destaques internacionais o índice Ifo da Alemanha, a atividade do Fed/Chicago, pedidos de seguro-desemprego, pedidos de bens duráveis e vendas de casas usadas nos Estados Unidos. À noite, sai inflação de abril no Japão.

… Finalmente na 6ªF, é importante o sentimento do consumidor americano de Michigan com as expectativas de inflação.

CHINA – Seguindo o script, no fim de semana, a taxa de empréstimo para 1 ano foi mantida em 3,1% e a de 5 anos seguiu em 3,6%. O PBoC aguarda os desdobramentos da guerra comercial antes de tomar novas medidas de estímulo.

… Contudo, muitos economistas preveem cortes este ano, à medida que as tarifas dos EUA comecem a pesar.

FMI – Reuniões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial têm agendas extensas nesta semana, em Washington.

… O Brasil será representado pela secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, e por Gabriel Galípolo, que, antes de viajar esta noite, participa de audiência pública na CAE do Senado hoje, das 10h às 13h.

IPCA-15 – No Brasil, além da prévia da inflação de abril (6ªF), sai hoje a pesquisa Focus (8h25). Na 5ªF, tem reunião do CMN.

… O presidente Lula e a primeira-dama Rosângela Janja da Silva viajam para o funeral do Papa Francisco, em Roma.

ISENÇÃO DO IR – Em entrevista à TV Brasil, na semana passada, Fernando Haddad disse que a proposta sobre a reforma do Imposto de Renda começaria a ser debatida no Congresso depois do feriado da Páscoa. A ver.

GAP DE CAUTELA – A queda do fundo de índice da bolsa brasileira EWZ (-0,12%, a US$ 25,19) e dos ADRs da Petrobras nesta 2ªF em que NY operou normalmente contrata uma abertura cautelosa aqui na volta do feriadão.

… Os recibos da Petrobras fecharam em queda de 1,11% (PN) e de 0,95% (ON), os da Embraer ostentaram o pior desempenho (-3,38%), seguidos por BRF (-2,48%), diante de mais uma rodada de estresse com Trump.

… A insistência do presidente americano em pedir a cabeça de Powell reforça a instabilidade e põe em xeque a autonomia do Fed contra ataques políticos, quando tudo o que o mercado quer é uma âncora para se segurar.

… Em NY, as bolsas partiram ontem para mais um tombo, diante da ofensiva renovada de Trump contra a resistência do Fed de cortar os juros. Além disso, o nervosismo antes do balanço da Tesla (-5,73%) se espalhou.

… Não foi pequeno o estrago em Wall Street: o Nasdaq afundou 2,55%, aos 15.870,90 pontos, acompanhado nas perdas intensas pelo S&P 500 (-2,36%, a 5.158,20 pontos) e Dow Jones (-2,48%, a 38.170,41 pontos).

… Em meio à fuga de capital, o selo dos EUA de ativos mais seguros do mundo é posto à prova. A supremacia histórica dos Treasuries e do dólar vem sendo questionada, diante da crise fabricada por Trump.

… A taxa da Note-10 anos subiu a 4,416%, de 4,330% no pregão antes da Páscoa, e o índice DXY, termômetro do dólar contra outras moedas fortes, caiu 1,04% (98,35 pontos), cada vez mais longe da linha dos 100 pontos.

… Ampliando o risk-off, o investidor voltou a correr para o franco suíço (+1,2%, a 1,241/US$) e o ouro (+2,91%), que rompeu US$ 3.400 por onça-troy e estabeleceu novo recorde: US$ 3.425,30.

… A guerra comercial, os receios de desaceleração econômica, a batalha aberta contra o Fed e a ameaça de maior oferta de petróleo com as negociações dos EUA e do Irã para um acordo nuclear derrubaram os preços do barril.

… O Brent para junho perdeu 2,50%, a US$ 66,26 o barril, prejudicando os ADRs da Petrobras, como se viu.

… Fica a expectativa para a abertura do Ibovespa, que testou uma recuperação antes de sair para a Páscoa e subiu 1,04% na última 5ªF, aos 129.650,03 pontos, em dia de game na bolsa (exercício de opções sobre ações).

… O Ibov resistiu às provocações de Trump, que já naquele dia começou a puxar briga com Powell e despertou novo enfraquecimento do dólar em escala global. Aqui, caiu 1,05% e voltou à faixa de R$ 5,80 (R$ 5,8037).

… No DI, o “miolo” e a ponta longa da curva acompanharam o alívio no câmbio, enquanto os contratos curtos fecharam perto da estabilidade, diante da convicção de que o Copom vai elevar a Selic em meio ponto em maio.

… No fechamento, o DI Janeiro de 2026 marcava 14,775% (de 14,740% na sessão anterior); Jan/27, 14,235% (contra 14,235%); Jan/29, 14,060% (de 14,125%); Jan/31, 14,300% (de 14,380%); e Jan/33, 14,360% (14,440%).

EM TEMPO… BANCO MASTER enviou carta ao FGC para avaliar eventual auxílio do fundo; liquidação privada é uma possibilidade em discussão, segundo apurou o Valor

… Nessa operação, seria criado um fundo para ficar com a parte dos ativos e passivos do Master que não seriam comprados pelo BRB e, desta forma, o Master conseguiria pagar gradualmente, e até de maneira antecipada, seus CDBs.

NEOENERGIA aprovou distribuição de R$ 424,9 milhões em dividendos: R$ 0,35/ação, com pagamento em dezembro; ex a partir de 22/4.

AUREN PARTICIPAÇÕES encerrou oferta de R$ 2 bilhões em debêntures incentivadas com vencimento em 2035.

CURY encerrou programa de recompra de ações que havia sido aprovado em 18/12/24 pelo Conselho de Administração; programa tinha vigência de 18 meses, para aquisição de até 11.720.002 de ON em circulação.

IGUATEMI aprovou a distribuição de R$ 200 milhões em dividendos relativos ao exercício de 2024, sendo que R$ 50 milhões já foram pagos em 6/3, de forma antecipada…

… Os R$ 150 milhões remanescentes serão pagos em 3 parcelas iguais (em 30/4, 30/7 e 30/10); a cada parcela, o valor a ser pago por ação será de R$ 0,0241 por papel ON, R$ 0,07238 por ação PN e R$ 0,1688 por unit.

CARREFOUR BRASIL reapresentou proposta que será discutida na assembleia geral extraordinária marcada para 25 de abril, na qual os acionistas vão deliberar sobre o fechamento do capital da empresa no País.

GRUPO PÃO DE AÇÚCAR informou que iria protocolar na 6ªF o formulário para cancelar seu registro junto à SEC.

HYPERA. Lírio Parisotto voltou a confirmar desistência de se candidatar a uma vaga como membro do Conselho de Administração.

BRF. Anunciou que construirá uma fábrica de alimentos processados de frango em Jeddah, na Arábia Saudita, para a qual serão investidos US$ 160 milhões junto com a Halal Products Development Company (HPDC)…

… A BRF vai arcar com 70% do aporte, enquanto a HPDC entrará com os 30% restantes, proporção de cada uma na joint venture.

JBS. Gestora Capital Research Global Investors comunicou a venda de ações ordinárias, passando a deter 4,96% do total (5,04% antes).

SEQUOIA. Empresa de Logística e Transportes adiou a divulgação do balanço do trimestre findo em 31/03/2025 de 22/04 para 30/04.

BTG. Negocia com a Investimentos e Participações em Infraestrutura (Invepar), pertencente aos maiores fundos de pensão estatais, a aquisição da concessão do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo (Lauro Jardim/Globo).

PETROBRAS. Um incêndio foi registrado na manhã de 2ªF (21) na plataforma PCH-1, localizada no campo de Cherne, na Bacia de Campos…

… Segundo o G1, o incêndio foi seguido de explosão e a Petrobras ainda apura as causas do incidente; 14 trabalhadores ficaram feriados.

BOEING. Companhia pode direcionar aviões destinados à China, cujas entregas foram suspensas pelo governo de Pequim, para a Índia…

… A empresa americana ainda teria 130 jatos para entregar às companhias aéreas chinesas, entre eles, 96 unidades do 737 MAX.

FORD. WSJ informou que a montadora parou de enviar picapes de luxo, SUVs e carros esportivos para a China para evitar tarifas.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Feriado prolongado pede cautela

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*

[17/04/25]

… Na véspera do feriado da Páscoa, nesta Sexta-Feira Santa, os mercados domésticos devem redobrar a cautela, porque vão permanecer fechados na 2ªF para o 21 de abril, enquanto NY e as praças europeias voltam a funcionar. E você sabe que as coisas lá fora continuam muito feias, sem sinais de acomodação da guerra tarifária entre EUA e China. Hoje, o destaque da agenda é para a reunião do BCE (9h15), que pode voltar a reduzir o juro da zona do euro em 25pbs, para 2,25%, embora parte dos analistas não descarte uma surpresa, diante das elevadas incertezas do cenário econômico global. Powell, por exemplo, disse ontem que vai o Fed vai esperar, e Wall Street surtou.

… Frustrando as esperanças de que agiria rapidamente para acalmar os investidores, Powell afirmou que existem muitas dúvidas sobre o impacto das tensões comerciais no emprego e na inflação, e o que o Fed quer ter mais clareza antes de tomar uma decisão.

… Foi a deixa para que as ações – que já vinham em baixa com a última de Trump de restringir a Nvidia de vender para a China – entrassem em liquidação, enquanto uma nova corrida para os Treasuries, ouro e o franco suíço marcava a volatilidade (abaixo).

… Nas agências internacionais, os executivos de NY manifestavam a decepção, dizendo coisas como “Powell simplesmente jogou as ações debaixo do ônibus” (Adam Philips, EP Wealth Advisors) ou “Deixou os investidores desamparados” (Michael Bailey, FBB Capital).

… Um título da Bloomberg resumia o sentimento: “Powell está dizendo ao mercado de ações que está por conta própria”.

… Falando no Clube Econômico de Chicago, Powell enfatizou que o Fed deve garantir que as tarifas não desencadeiem um aumento mais persistente na inflação, ao mesmo tempo em que admitiu que espera volatilidade contínua nos mercados financeiros.

… Muita gente acreditava que o Fed priorizaria o lado trabalhista do mandato se fosse forçado a escolher, mas, nesta 4ªF, Powell sugeriu que a estabilidade dos preços – ou a inflação sob controle – é necessária para manter um mercado de trabalho saudável.

… Na semana passada, Susan Collins (Fed/Boston) alimentou as apostas dizendo que o Fed está “absolutamente preparado” para ajudar a estabilizar os mercados financeiros, se necessário. Mas para Powell ficou claro que esse momento ainda não é agora.

… Também pesou sobre os ativos de risco a Organização Mundial do Comércio (OMC) ter reduzido a sua previsão para o ano, afirmando que o comércio cairia 0,2% em 2025, quase três pontos percentuais a menos do que teria sido sem as novas tarifas.

AS CONDIÇÕES DA CHINA – O desempenho negativo dos Parte inferior do formulário

fabricantes de chips e os comentários de Powell não deram chance à disposição da China de negociar com os Estados Unidos, embora o governo de Pequim tenha estabelecido algumas condições, como o “respeito”.

… Pequim deixou claro que não aceita comentários “depreciativos”, como o que fez o vice-presidente JD Vance, na semana passada, ao se referir chineses como “camponeses”, provocando uma rara repreensão do Ministério das Relações Exteriores da China.

… Outras condições incluiriam a questão de Taiwan, a indicação de uma pessoa responsável pelas negociações pela Casa Branca, além de um compromisso de Washington de que não implementará políticas para suprimir a modernização do país.

… Nos últimos anos, os EUA reforçaram os controles de exportação para a China, em um esforço para impedir que Pequim obtenha chips de ponta e outras tecnologias avançadas. A resposta de Trump foi restringir a venda do chip H20 da Nvidia aos chineses.

… “Há um pouco mais de clareza sobre o que a China busca. Portanto, agora a bola está nas mãos dos EUA para decidir se eles conseguirão atender a essas demandas”, disse Michelle Lam, economista da Grande China no Société Générale.

… Trump impôs tarifas de 145% à China sobre os produtos chineses, dando a XI um amplo apoio público para a retaliação e um incentivo político para rejeitar as repetidas exigências de Trump por um telefonema do líder chinês.

TARIFA DE 245% – O governo Trump confirmou nesta 4ªF que a tarifa básica sobre as importações chinesas para os EUA permanece em 145%, depois que um folheto da Casa Branca causou confusão ao informar que a China enfrenta uma tarifa de até 245%.

… Tal valor leva em conta impostos pré-existentes sobre certos produtos chineses, como veículos elétricos, que já eram taxados em 100% antes do segundo mandato de Trump e que foram adicionados à tarifa de 145%.

CORRIDA ÀS COMPRAS – As vendas no varejo dos EUA aumentaram substancialmente em março, sobretudo de carros e bens eletrônicos, com os consumidores se antecipando às tarifas e aos aumentos de preços esperados. O crescimento de 1,4% foi o maior em dois anos.

… As compras de automóveis lideraram o avanço, com um aumento de 5,3%, à medida que os compradores buscavam contornar as tarifas de 25%. Materiais de construção e artigos esportivos, frequentemente importados da China, também venderam muito.

… As vendas da Honda subiram 13%; da Ford, 19%; e a Hyundai registrou seu segundo melhor mês de todos os tempos em março.

… Um relatório da empresa de pesquisa Anderson Economic Group estimou que as tarifas poderiam adicionar pelo menos US$ 2.500 em custos por veículo na faixa mais baixa do mercado, chegando a até US$ 20.000 para importações de luxo.

MAIS UMA – Grandes ações chinesas, como Alibaba e Baidu, que despencaram com a guerra comercial entre os EUA e a China, podem ser retiradas das bolsas americanas pelo presidente Trump. “Tudo está na mesa”, disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent.

… As companhias negociam ADRs e o Goldman Sachs descreve a exclusão como “um cenário extremo”, afirmando que os investidores dos Estados Unidos teriam que liquidar cerca de US$ 800 bilhões em papéis de empresas chinesas se Trump levar a ideia adiante.

… Outras empresas chinesas são amplamente negociadas em NY: a dona da Temu (PDD Holdings), a NetEase, a Li Auto e a Yum China.

… Na noite de ontem, Intel caiu 0,62% no after hours, após o FT revelar que fabricante de chips informou clientes chineses que também precisará de uma licença para vender alguns de seus processadores de IA.

… De seu lado, a Alcoa informou que sofreu impactos de US$ 20 mi no 1Tri em custos relativos às tarifas de Trump às importações de alumínio do Canadá e que os efeitos negativos devem subir para US$ 90 mi no 2Tri.

… O papel caiu 0,68% no pregão noturno, apesar de a empresa ter revertido prejuízo e registrado lucro líquido trimestral de US$ 548 milhões, enquanto a receita cresceu 29,6% no período, para US$ 3,37 bilhões.

TARIFA SOCIAL – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou nesta 4ªF a proposta de reforma do setor elétrico, que inclui a nova tarifa social para garantir gratuidade do consumo de energia até 80 kWh/mês.

… Atualmente, o programa oferece desconto de até 65% para famílias de baixa renda com faixa de consumo de 30 a 221 kWh/mês. Esse percentual cai para 40% no consumo de 31 a 100 kWh/mês, e para 10% no consumo de 101 a 220 kWh/mês.

… Com as mudanças, o MME estima que 17 milhões de famílias serão beneficiadas, sendo que 4,5 milhões terão a conta de luz “zerada”.

… Silveira explicou, em entrevista aos jornalistas no final da tarde, que o setor arcará com o custo adicional de R$ 3,6 bilhões/ano, que recairá sobre os demais consumidores com aumento médio de 0,9% na tarifa.

… O ministro admitiu que, se as mudanças ocorressem hoje, o impacto médio na conta de luz seria de um aumento de 1,4%, “que tende a ser diluído no longo prazo”.

… Silveira defende que a proposta siga para o Congresso na forma de medida provisória (MP), com aplicação imediata.

… Na entrevista, ele minimizou o ruído com Haddad sobre a mudança no Tarifa Social, na semana passada, atribuindo o episódio a uma “falha de comunicação”. Segundo ele, a Fazenda entendeu que a conta seria paga pelo Fundo Social, com recursos do pré-sal.

… Silveira informou, ainda, que a reforma do setor elétrico prevê o acesso de todos os consumidores ao mercado livre de energia a partir de 2028, garantido hoje apenas aos consumidores de grande porte, por meio da “portabilidade da conta de luz”.

… Questionado sobre a redução do preço dos combustíveis, ele reafirmou que vê “ambiente favorável” com a queda do petróleo.

ISENÇÃO DO IR – Em entrevista à TV Brasil, na tarde desta 4ªF, Fernando Haddad disse que a proposta sobre a reforma do Imposto de Renda deve começar a ser debatida no Congresso depois do feriado prolongado do fim de semana.

… O ministro afirmou estar confiança na aprovação do projeto ainda este ano (para entrar em vigor em 2026), mas disse que a equipe econômica está aberta da sugestões. “Se der pra melhorar, nós vamos melhorar”, mas criticou a proposta elaborada pelo PP.

… “O projeto do PP de reduzir quase a zero a tributação dos super ricos é uma coisa que, na minha opinião, não deveria prosperar. Não dá para reduzir alíquota de quem não paga imposto. Vamos tentar sensibilizar o Congresso a colocar a alíquota mínima.”

… Sobre o empréstimo consignado com garantia do FGTS, Haddad disse que o governo estuda alternativas para quem não é CLT, mas já citou um projeto pronto para ser votado no Senado que beneficia trabalhadores informais e empreendedores.

… “É uma lei que vai abrir um novo campo de oportunidades para quem é informal e já foi aprovada na Câmara no ano passado.”

… O ministro também falou sobre o Orçamento/2026, avaliado como pouco realista no mercado, afirmando que o governo está tomando providências para acertar o projeto apresentado nesta semana à medida “em que cada etapa for cumprida”.

… Ele disse, porém, que a Fazenda ainda não discute a possibilidade de faltarem R$ 10,9 bilhões para os níveis mínimos de gastos com saúde e educação. Essa perspectiva consta das projeções iniciais do governo para 2027 no PLDO de 2026, segundo O Globo.

AGENDA – Único indicador previsto no Brasil é a prévia da inflação paulistana medida pelo IPC-Fipe, às 5h.

… No Planalto, Lula anuncia (9h) o lançamento do “Sinpatinhas”, programa voltado para pets, que terá um registro gratuito para gerar um RG Animal único e intransferível para gatos e cães, e que pode ser usado em caso de desaparecimento do animal.

… Segundo o Valor, a proposta não agradou parte da cúpula do governo, por contrastar com o momento adverso do governo petista, que enfrenta a ofensiva da oposição pressionando o presidente da Câmara, Hugo Motta, para pautar a votação da anistia.

LÁ FORA – Nos EUA, Barr/Fed fala às 12h45. Entre os dados, saem as construções de moradias/março (9h30), auxílio-desemprego (9h30), atividade do Fed/Filadélfia (9h30) e dados de petróleo da Baker Hughes (14h).

… O BC da Turquia divulga decisão de política monetária às 8h.

NO LOOPING DA LOUCURA – Como nada está tão ruim que não possa piorar, NY entrou em choque ontem, quando Powell sinalizou que o Fed ainda não deve mexer nos juros agora, apesar da urgência do momento.

… Poucos dias antes, como todo mundo se lembra, os discursos dovish de Christopher Waller e Susan Collins, de suporte a um relaxamento monetário, haviam despertado a esperança de uma operação-salvamento.

… Nesta 4ªF, antes mesmo dos comentários de Powell, os nervos em Wall St já vinham abalados pela notícia de que os EUA exigirão licença por tempo indeterminado para a exportação de chips da Nvidia e AMD à China.

… A ordem veio um dia depois de Pequim proibir a entrega de jatos da Boeing a companhias áreas chinesas, o que indica que Trump não pensou duas vezes em dar o troco, na escalada rápida da crise de muitos capítulos.

… Ninguém dá o braço a torcer e a guerra sem limites ganha proporções bastante dramáticas.

… Diante da crise que vai cobrar caro, as fabricantes de semicondutores deram um mergulho generalizado nas bolsas em NY: Nvidia afundou 6,8%, AMD levou um tombo de 7,3% e Broadcom e Micron Technology, -2,4%.

… Tesla despencou 4,9%, em meio ao fracasso de vendas de carros elétricos novos registrados na Califórnia. Os investidores também bateram forte ontem nos papéis da Meta (-3,68%), Microsoft (-3,66%) e Apple (-3,89%).

… A espiral pessimista das big techs e o nível de alerta de Powell impuseram quedas expressivas aos índices de ações: Dow Jones, -1,73% a 39.669,39 pontos; S&P 500, -2,24% (5.275,74 pontos); e Nasdaq, -3,07% (16.307,16).

… Foi dia de fugir do risco e correr para a segurança, elevando o apelo por ativos defensivos como o ouro, que rompeu o recorde histórico, ultrapassou US$ 3.340 a onça-troy e fechou cotado a US$ 3.346, salto de 3,27%.

… O investidor também buscou proteção no franco suíço, que subiu 1,23%, a 1,23/US$. O dólar continuou perdendo prestígio com a guerra tarifária e levou o índice DXY (-0,83%) a furar a linha dos 100 pontos (99,393).

… Apesar do consenso de que o BCE baixará o juro, o euro subiu de forma expressiva (+0,90%), a US$ 1,1382.

… Por aqui, o dólar não fugiu à regra global e se enfraqueceu: -0,44%, a R$ 5,864. Indicadores que evidenciaram o ritmo forte de crescimento da China ajudaram a dar fôlego extra às moedas de produtores de commodities.

… No movimento de “flight to quality” desencadeado por Powell e pelas restrições de Trump às exportações de chips, o investidor comprou Treasuries, derrubando a taxa da Note de dez anos de 4,339% para 4,282%.

… Até onde deu, a curva do DI acompanhou a queda do dólar e das taxas dos títulos do Tesouro dos EUA, mas fechou de lado, contaminada pelos ruídos fiscais de que a arrecadação no Orçamento/26 esteja superestimada.

… No fechamento, o DI para Janeiro/26 estava em 14,740% (contra 14,725% no fechamento anterior); Jan/27, a 14,235% (14,225%); Jan/29, a 14,125% (14,110%); Jan/31, a 14,380% (14,380%); e Jan/33, a 14,440% (14,460%).

… A percepção de que a tendência de queda das commodities com Trump possa proporcionar um canal desinflacionário levou o Itaú a revisar ontem em baixa a estimativa para o IPCA do ano, de 5,7% para 5,5%.

… A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse nesta 4ªF que quer evitar trazer a guerra comercial (“uma confusão que não é nossa”) para a discussão sobre os preços dos combustíveis no mercado interno.

… Um dia antes, ela lembrou que o último ajuste do diesel foi em 1º de abril e já era hora de olhar de novo. Petrobras operou ontem na contramão da força do petróleo: ON, -0,87% (R$ 33,07); e PN, estável (R$ 31,00).

… O disparo de 1,82% do Brent para junho, a US$ 65,85, teve como gatilho as sanções impostas pelos EUA contra as importadoras chinesas que compram petróleo iraniano, em mais um obstáculo a ser precificado.

… Se comparado ao grau de nervosismo em NY ontem, dá para dizer que a queda do Ibov foi moderada: -0,72%, aos 128.316,89 pontos, com giro de R$ 25,1 bilhões. A maior vilã do dia foi a Vale (-2,32%), cotada a R$ 52,56.

… O mercado reagiu com decepção à produção de minério de ferro nas prévias operacionais do 1Tri.

… Entre os bancos, Santander (+0,71%, a R$ 27,12) e Bradesco ON (+0,26%, a R$ 11,41) se equilibraram no azul,  mas BB ON perdeu 0,43% (R$ 27,65), Bradesco PN caiu 0,16% (R$ 12,72) e Itaú recuou 0,15% (R$ 32,69).

EM TEMPO… PETROBRAS confirmou a reeleição de Pietro Mendes como presidente do Conselho de Administração da estatal em assembleia geral ordinária (AGO) realizada nesta 4ªF (16)…

… Como membros do colegiado, foram eleitos, por voto múltiplo, Aloisio Macário Ferreira de Souza, Bruno Moretti, José Fernando Coura, José João Abdalla Filho, Magda Chambriard, Pietro Mendes, Rafael Dubeux e Renato Galuppo…

… Desse grupo, foram qualificados como conselheiros independentes Aloisio Macário Ferreira de Souza, José Fernando Coura, José João Abdalla Filho, Rafael Dubeux e Renato Campos.

VIBRA ENERGIA aprovou a distribuição de R$ 1,63 bilhão em proventos…

… Desse total, R$ 1,07 bi será pago até 29/8 a título de JCP; o restante de R$ 561,5 mi, o equivalente a R$ 0,5043 por ação, será distribuído em dividendos, com pagamento em 28/11; ex a partir desta 5ªF (17)…

… Empresa lançou programa de emissão de ADRs; cada ADR passível de emissão no âmbito do programa será lastreado em duas ações ON da companhia…

… JPMorgan é a instituição depositária dos papéis, que estarão admitidos à negociação no mercado de balcão, com o ticker VBREY.

NATURA contratou Santander como instituição intermediária para realizar a aquisição das ações no âmbito de seu programa de recompra; programa teve início em 17 de março e será encerrado em 17 de março de 2026…

… Nele, a empresa poderá recomprar até 52.631.578 ações ON, correspondentes a 3,8% do total e 6,2% dos papéis em circulação.

KLABIN assinou contratação de empréstimo de US$ 300 milhões no formato de “pré-pagamento de exportação”, com amortizações no 5º, 6º e 7º anos…

… Segundo a companhia, também foi realizada operação de swap para taxa fixa em dólar com custo de dólar mais 5,12% ao ano.

REDE D’OR e fundo Opus venderam empresa de banco de sangue GSH por R$ 1,6 bilhão à CVC Capital…

… Grupo hospitalar detinha fatia de 41% do negócio, o fundo, que entrou no negócio há oito anos, possuía 39% e o restante pertencia aos fundadores e executivos; do valor total, será descontada a dívida de cerca de R$ 500 milhões.

ITAÚSA. BlackRock reduziu participação na empresa de 5,075% para 4,94% dos papéis PN, passando a deter 356 mi das ações do tipo.

BANCO MASTER. A auditoria do Banco de Brasília (BRB) sobre os ativos da instituição financeira deve terminar na próxima semana, segundo o Estadão, e aponta que o BRB tem interesse em R$ 33 bilhões da carteira.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.