CPI testa Fed, serviços testam BC e Trump, o mundo

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*.

[12/02/25]

… Se vier mais fraco, o CPI de janeiro nos EUA (10h30) pode aliviar a mensagem hawkish de Powell, que volta a falar hoje (12h) na Câmara americana, sem muita expectativa de que mudará o que já falou ontem no Senado, que o Fed não tem pressa para retomar os cortes do juro. A agenda também é importante para o petróleo, com o relatório mensal da Opep, enquanto os investidores aguardam as últimas de Trump, que prometeu para hoje as tarifas recíprocas. Aqui, Lula dá mais uma entrevista (8h), desta vez à Rádio de Macapá. Os mercados ainda acompanham a palestra de Galípolo (10h) no Rio e, entre os indicadores, os dados de serviços de dezembro (9h), que devem melhorar para 0,1% na mediana do Broadcast, após o recuo de -0,9% em novembro, fechando o ano de 2024 com crescimento de 3,4%.

… A alta tímida em dezembro é um consenso entre 20 de 29 casas consultadas pela pesquisa, atribuída à desaceleração da atividade como um todo, que deve influenciar na acomodação do setor. As estimativas variam de expansão de 0,8% a uma queda de 2,2%.

… Economistas dizem que os sinais de perda de força da economia são disseminados e já chegam ao mercado de trabalho.

… “Tivemos setembro e outubro muito fortes, novembro mostrou devolução e agora teremos dezembro um pouco de lado. Essa dinâmica de menos intensidade nos rendimentos médios explica um pouco a acomodação da atividade”, disse Flávio Serrano (Banco Bmg).

… Nesta 3ªF, o IPCA de janeiro de 0,16% veio em linha com a mediana das estimativas, contra 0,52% em dezembro, no menor nível do mês desde o início do Plano Real. Mas a leitura dos preços de abertura não foi uniforme.

… Parte do mercado citou que a inflação subjacente acelerou menos do que o esperado, enquanto outra parte destacou que os preços em 12 meses permanecem elevados e que, em fevereiro, o índice virá bastante pressionado por reajustes em educação e transporte.

… Ainda assim, a curva de juros devolveu prêmio, na contramão do aumento dos rendimentos dos Treasuries, com Powell parecendo mais conservador. A queda do dólar impulsiona essa correção, num movimento que também animou o Ibovespa (abaixo).

… Os mercados domésticos seguem menos assustados com as tarifas de Trump do que seus pares em NY, apostando em negociações que podem suavizar as perdas no Brasil. A postura discreta de Brasília, que evita comentar o tema, agrada aos investidores.

… Não mereceram resposta nem mesmo os comentários do assessor de comércio de Trump, Peter Navarro, que acusou os produtores brasileiros de aço de “se aproveitarem do real fraco e dos subsídios às exportações para prejudicar os concorrentes americanos”.

… O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que conversará com outros aliados ocidentais sobre uma resposta “firme e clara” à tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. A ver como o presidente Lula se comporta na entrevista de hoje.

… Segundo apurou a Agência Estado, o governo segue avaliando a resposta que dará à decisão dos EUA de sobretaxar as importações de aço e alumínio realizadas pelo país, mas a disposição principal é de tentar avançar numa negociação com a Casa Branca.

… A Austrália já obteve algum sucesso nesse sentido. Depois de conversar com o primeiro-ministro, Anthony Albanese, Trump disse para os jornalistas que concordou em considerar uma isenção aos australianos em razão do superávit comercial que os EUA têm com o país.

… O Brasil, assim como a Austrália, também é levemente deficitário na balança de trocas com os americanos.

… O País ainda pretende usar como argumentos o fato de que a imposição de tarifas ao aço brasileiro irá prejudicar as empresas dos EUA. No ano passado, as companhias daqui compraram US$ 1,4 bilhão em carvão americano, utilizado na produção do aço no Brasil.

… Como a decisão entra em vigor apenas em 12 de março, o Planalto não deve se apressar para dar uma resposta definitiva, mas a ideia é manter um tom de cautela e não bater de frente para não atiçar a guerra comercial, que teria efeitos negativos para o Brasil.

… No início da noite, o ministro Haddad disse que o MDIC está reunindo as avaliações para levar ao presidente Lula.

LULA TOPA – Em entrevista ao Broadcast Político, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, disse que o presidente Lula “vai topar fazer” algum novo corte de gastos no futuro se “a situação for apertada do ponto de vista fiscal”.

… Nesta 3ªF, o ministro Haddad informou que o alívio no Orçamento deste ano com as medidas de cortes de despesas apresentadas pelo governo e aprovadas pelo Congresso no fim de 2024 será maior do que o divulgado inicialmente.

… Segundo ele, o Ministério do Planejamento fez uma atualização de R$ 15 bilhões para quase R$ 20 bilhões de economia. A nova cifra será levada ao relator do Projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA), senador Angelo Coronel.

… O texto do Orçamento de 2025, que só será votado Carnaval, tem que ser corrigido para incluir o novo cálculo. 

… Até aqui, o impacto previsto pelas medidas de cortes de gastos para esse ano era de R$ 30 bilhões, sendo R$ 15 bilhões em economia efetiva e R$ 15 bilhões para acomodar pressão de outros gastos que vão crescer.

… Agora, com as contas refeitas, as estimativas aumentaram para R$ 34 bilhões. São R$ 19 bilhões em economia nas contas públicas e R$ 15 bilhões para acomodar pressões nos gastos decorrentes principalmente da inflação maior.

MAIS AGENDA – O BC divulga o fluxo cambial semanal (14h30). Suzano e Totvs soltam balanço após o fechamento.

LÁ FORA – Um dia depois de Powell ter dito que as expectativas de inflação continuam bem ancoradas nos EUA, o CPI pode confirmar hoje esta percepção. O dado deve desacelerar de 0,4% em dezembro para 0,3% em janeiro.

… Na taxa anual, a previsão é de alta de 2,9%, repetindo a variação observada um ano antes.

… Já o núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, deve subir 0,3% no mês e 3,1% na base anualizada, contra 0,2% no comparativo mensal e avanço de 3,2% no anual mostrados no levantamento anterior.

… Ainda entre os indicadores, o petróleo confere (além da reunião da Opep), os estoques do DoE (12h30), com previsão de +2,4 milhões de barris. Os Fed boys Raphael Bostic (14h) e Christopher Waller (19h05) falam.

OS MERCADOS ONTEM – Em audiência no Senado americano, Powell disse nesta 3ªF que a política monetária continua restritiva e que não há pressa para voltar a cortar os juros, já que a economia e o emprego vão bem.

… Com isso, o mercado reforçou o cenário mais provável de o Fed entregar apenas um corte de 25pb no ano.

… Segundo o CME Group, as chances de a taxa básica terminar 2025 na faixa entre 4% e 4,25% subiram de 35,2% para 37,1%.

… Lida como hawkish, a mensagem pressionou os juros dos Treasuries e não deu motivos para uma sessão mais positiva nas ações.

… Declarações de outros dirigentes do Fed ecoaram Powell. Beth Hammack defendeu abordagem “paciente”, com juros restritivos por mais tempo, e para John Williams, deve levar mais de um ano para a inflação voltar à meta de 2%.

… No final da tarde em NY, o rendimento da note de 2 anos subiu a 4,287% (de 4,277% na sessão anterior) e o da note de 10 anos avançou a 4,536% (de 4,493%). O do T-bond de 30 anos foi a 4,751% (de 4,715%).

… A tarifa de 25% de Trump sobre todas as importações de aço e alumínio continuou rendendo em Wall Street: as siderúrgicas Nucor (+0,45%) e Steel Dynamics (+1,50%) tiveram ganhos, enquanto a produtora de alumínio Alcoa subiu 0,65%.

… Já Intel saltou 6%, após o vice-presidente, JD Vance, afirmar que chips para inteligência artificial devem ser produzidos nos EUA.

… Dow Jones subiu 0,28% (44.593,65 pontos); S&P 500 fechou estável (+0,03%), aos 6.068,50 pontos. Nasdaq caiu 0,36% (19.643,86).

… No after hours, a ação da Super Micro Computer deu um salto de 8,26% depois de a empresa dizer que vai conseguir divulgar o balanço até a data-limite do dia 25, a fim de cumprir certas exigências da SEC (a CVM dos EUA).

… AIG caiu 3,23% após lucro abaixo da expectativa e América Móvil recuou 3,09% com lucro menor no 4Tri devido a perdas cambiais.

… Na contramão dos juros dos Treasuries, o dólar (DXY) cedeu 0,33%, a 107,963 pontos. O euro subiu 0,59%, a US$ 1,0370, e a libra esterlina avançou 0,67%, a US$ 1,2449. Só o iene caiu: -0,36%, a 152,461/US$.

… Por aqui, a curva de juros devolveu prêmios, amparada na queda global do dólar.

… A valorização recente do câmbio tem sido fundamental para a devolução de prêmios na curva, dado o potencial de melhorar o cenário para preços no curto prazo. Além disso, ontem, o IPCA em linha com o esperado não atrapalhou.

… No fechamento, o DI Jan/26 caiu a 14,940% (de 14,975% no fechamento anterior); Jan/27, a 15,060% (15,160%); Jan/29, a 14,825% (14,885%); Jan/31, a 14,800% (de 14,840%); e Jan/33, a 14,760% (de 14,770%).

… Seguindo a desvalorização no exterior, o dólar à vista fechou em queda de 0,31%, cotado a R$ 5,7678. Depois de ter recuado 5,56% em janeiro, a divisa já acumula desvalorização de 1,18% em fevereiro e de 6,67% no ano.

… Na B3, o Ibovespa (+0,76%; 126.521,66 pontos) andou à frente das referências de Nova York com o dia majoritariamente positivo para as ações de primeira linha, com exceção das blue chips de commodities.

… Vale (-0,43%; R$ 55,16) seguiu a queda de 1,1% no minério de ferro em Dalian, enquanto Petrobras tentou seguir o Brent (+1,49%, a US$ 77/barril). Ação ON subiu 0,55% (R$ 40,25), mas a PN ficou estável, em R$ 36,83.

… O petróleo repercutiu os sinais de fragilização do cessar-fogo em Gaza. Trump se mostrou descrente de que o Hamas cumprirá o prazo de liberação de reféns, até sábado, e disse que “tudo pode acontecer” em caso contrário.

EM TEMPO… MINERVA informou que apresentou um novo pedido de autorização à Comissão de Promoção e Defesa da Concorrência do Uruguai (Coprodec) para a aquisição de três unidades da Marfrig no país vizinho.

LWSA fará 4º programa de recompra de até 38,8 milhões de ações, ou 9,98% do total em circulação.

CARREFOUR BRASIL. O Citi tem recomendação neutra para as ações e preço-alvo de R$ 7,30, com potencial alta de 2,8% em relação ao fechamento de ontem, quando a ação disparou mais de 10% e fechou cotada a R$ 7,10…

… O rali respondeu à proposta de deslistagem da companhia do Novo Mercado por parte do controlador…

… A Península, gestora de recursos da família Diniz, deve trocar a sua participação no Carrefour Brasil, avaliada em R$ 1,1 bilhão, por uma fatia maior na matriz da França.

… Em linhas gerais, os acionistas do Carrefour Brasil poderão escolher uma das três opções: receber R$ 7,70 por ação; receber uma ação do Carrefour na França para cada 11 do Carrefour Brasil; ou combinar as propostas…

… Neste caso, receberiam R$ 3,85 em dinheiro por ação do Carrefour Brasil, mais uma ação do Carrefour na França a cada 22 ações do Carrefour Brasil.

CCR informou que o tráfego de veículos cresceu 1,5% em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2024…

… A empresa anunciou ainda que controlada CCR Barcas encerrou a prestação de serviços públicos de transporte aquaviário de passageiros, cargas e veículos no Rio, conforme previamente estabelecido em acordo há dois anos.

RUMO. O Itaú BBA informou que tem recomendação de compra para a empresa, com preço-alvo de R$ 29. Volume fraco registrado em janeiro ficou dentro das expectativas do banco, mas superou as estimativas do mercado.

TIM. O Santander reiterou a recomendação neutra para a ação da companhia, com preço-alvo de R$ 17. Resultados do 4Tri vieram em linha com as expectativas do banco, que destacou receita líquida consolidada de R$ 6,6 bilhões.

COPASA. Carlos Augusto Botrel Berto deixou o cargo de diretor financeiro e de RI e será substituído a partir do próximo dia 24 por Adriano Rudek de Moura, que teve passagens pela Electrolux e pela Copel.

EQUATORIAL MARANHÃO fará resgate antecipado facultativo total das debêntures da 9ª emissão no próximo dia 17. O valor estimado do resgate é de R$ 311.579.742,59.

APPLE fez parceria com a Alibaba para trazer serviços de inteligência artificial para seus dispositivos na China. A gigante americana de tecnologia trabalhou anteriormente com o Baidu, mas estava insatisfeita com modelos de IA.

AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!

*com a colaboração da equipe do BDM Online

AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.

Trump volta a atacar em dia de Powell e IPCA

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*.

[11/02/25]

… A desaceleração esperada para o IPCA de janeiro (9h), de 0,52% em dezembro para 0,16%, na mediana do mercado, terá o impacto do bônus de Itapu nas tarifas de energia elétrica e, por isso, economistas estão mais interessados nos dados de abertura para projetar expectativas à Selic. Em outro destaque da agenda doméstica, Haddad reúne-se às 14h com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para vender sua agenda econômica. Na sequência, o ministro tem encontro com Lula para discutir o Orçamento/2025. Antes disso, às 12h, as atenções estarão voltadas para Powell, que fará o seu depoimento semestral sobre política monetária no Senado americano. O presidente do Fed deve abordar os riscos das políticas de Trump, que, ontem à noite, assinou a tarifa de 25% para o aço e o alumínio.

… Com entrada prevista para vigorar a partir de 4 de março, a nova alíquota (até agora era de 10%) foi oficializada em ordem executiva do presidente e cancela isenções e cotas para grandes fornecedores, como o Canadá, México e o Brasil.

… A ação ainda restabelece uma tarifa de 25% sobre milhões de toneladas de importações de aço e alumínio que estavam entrando no país isentos de impostos sob acordos de cotas, isenções e milhares de exclusões de produtos.

… No Salão Oval, Trump disse que os 25% valem para todos, “sem exceções ou isenções”.

… Trump também impôs um novo padrão exigindo que as importações de aço sejam “fundidas e vertidas” e o alumínio “fundido e moldado” para conter as importações de aço chinês minimamente processado nos Estados Unidos.

… A medida, que até o último minuto foi relativizada pelos mercados, pode aumentar o risco de uma guerra comercial em várias frentes.

… A imposição de uma taxa de 25% a importadores americanos de aço e alumínio trouxe algum estresse apenas na abertura dos negócios, nesta 2ªF, pressionando o dólar e a curva de juros, mas investidores passaram a apostar que não se concretizaria.

… Confirmadas, destacaram analistas da Monte Bravo, as tarifas terão impacto no Brasil, pois 48% das exportações brasileiras de aço têm os Estados Unidos como destino. No caso do alumínio, o porcentual é de 16%.

… Segundo a consultoria Eurasia, o Brasil deve ser atingido duplamente pela política comercial de Trump, não só nas tarifas setoriais, mas também na reciprocidade tarifária aos países parceiros que, segundo o presidente, “tiram vantagem dos Estados Unidos”.

… Embora os dois países mantenham uma balança comercial equilibrada, as tarifas de ambos são consideravelmente desiguais: o Brasil impõe uma tarifa média de cerca de 11% sobre produtos americanos, enquanto a tarifa média dos EUA é de apenas 2%.

… Na avaliação do ING, os países mais expostos são Brasil, Índia e Coreia do Sul, que têm tarifas mais altas que a dos americanos. Trump prometeu anunciar a reciprocidade nesta 3ªF (ainda hoje) ou 4ªF (amanhã).

… A expectativa agora é para a reação dos países, ou se vão retaliar, como prometeu o presidente Lula na semana passada.

… As primeiras reações, nesta 2ªF, foram de cautela. Nem o ministro Fernando Haddad nem o vice Geraldo Alckmin quiseram comentar a possibilidade de Trump cumprir a ameaça de sobretaxar as importações de aço e alumínio.

… Para o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, o Brasil tende a ser “cauteloso” em resposta às tarifas de Trump, mesmo porque “uma retaliação pode ser um impulso a mais para a inflação, que tem sido a preocupação número um do governo”.

… Já na Europa, que parece ser a próxima da lista, os líderes continuam se manifestando.

… Depois do chanceler alemão Olaf Scholz prometer reação em até uma hora se os EUA impuserem novas tarifas, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou ontem que a União Europeia “precisa estar pronta para agir em função de seus próprios interesses”.

… Para Cristine Lagarde (BCE), os atritos no comércio global tornam incertas as perspectivas para a inflação na zona do euro.

BRASÍLIA – Haddad tem reunião com Davi Alcolumbre (14h) para discutir a agenda econômica, após ter conversado com Hugo Motta na semana passada. Na ocasião, disse que a Câmara toparia reabrir o debate dos supersalários e que “a bola estava com o Senado”.

… Da agenda de 25 itens para este ano, a mais importante para o governo é a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, um custo que a equipe econômica quer cobrir com a tributação de quem tem renda a partir de R$ 50 mil.

… Do Senado, Haddad segue para reunião com Lula no Planalto (15h30), onde junto com os ministros que compõem a Junta de Execução Orçamentária (Simone Tebet e Esther Dweck), discutirá a reformulação do Orçamento deste ano. Rui Costa participa.

MAIS AGENDA – O bônus de Itaipu na tarifa de energia elétrica deve contribuir para a desaceleração do IPCA, de 0,52% em dezembro para 0,16% em janeiro. Mas esse é um impacto pontual e a inflação subjacente é a mais importante.

… O resultado reflete a queda mais intensa esperada em Habitação, devido à queda de 14% em energia elétrica residencial. Já o grupo de Alimentação e Bebidas deve continuar exercendo pressão sobre o índice, embora a perspectiva seja de redução do ímpeto de alta.

… A perspectiva também é de aceleração para o grupo Transportes, como efeito de avanço nos preços das passagens aéreas.

… Segundo o Projeções Broadcast, as medianas apontam avanço das médias de núcleos (de 0,58% em dezembro para 0,62%), de serviços (0,66% para 0,78%), serviços subjacentes (0,67% para 0,91%) e preços livres (de 0,76% para 0,80%).

… Já bens industriais (0,65% para 0,56%), administrados (-0,17% a -1,64%) e alimentação no domicílio (1,56% a 1,20%) devem arrefecer.

… Antes do IPCA, saem as primeiras prévias de janeiro do IPC-Fipe (5h) e IGP-M (8h). Os dados regionais da produção industrial de dezembro vêm às 9h. Galípolo se reúne às 15h com o presidente do Goldman Sachs, Durão Barroso.

NOS EUA – Além de Powell, três dirigentes do Fed participam hoje de eventos públicos: Beth Hammack (10h50), John Williams e Michelle Bowman (17h30). O presidente do BC inglês (BoE), Andrew Bailey, discursa às 9h15.

GUERRA COM VENCEDORES E PERDEDORES – O salto de 5% da Gerdau ontem revela que a empresa pode faturar alto com o protecionismo trumpista, na medida em que tem parte relevante da produção nos EUA.

… Gerdau (+5,21%; R$ 17,57) e Metalúrgica Gerdau (+4,81%; R$ 9,80) ficaram entre os maiores ganhos do pregão.

… Já outras ações do setor de aço e alumínio, que não serão poupadas do alcance da tarifação anunciada, têm tudo para devolver o embalo da véspera, caso de Usiminas PNA (+2,14%; R$ 5,72) e CSN ON (+1,45%; R$ 9,07).

… A CSN vende produtos laminados de alto valor agregado aos americanos. Ainda entre as fabricantes que mais devem perder com a barreira tarifária, estão a ArcelorMittal e Ternium, produtoras de aço semiacabado (placas).

… O Ibov esteve insensível ontem às ameaças de Trump, julgando que era blefe para negociar só “no gogó”.  

… A força das ações das commodities e dos bancos garantiu impulso à bolsa (+0,76%, a 125.571,81 pontos), ainda que o Ibov não tenha bancado até o fechamento a linha dos 126 mil pontos conquistada na máxima (126.386).

… O minério (+0,79%) subiu na cola do aumento acima do esperado da inflação na China em janeiro e o petróleo foi impulsionado pelo risco de que divergências possam melar o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.

… O Hamas acusa Israel de não cumprir as exigências acertadas, ameaçando a retomada do conflito em breve.

… Vale fechou na máxima do dia, em R$ 55,40 (+1,04%). Petrobras ON registrou +0,83% (R$ 40,03) e, PN, +0,68% (R$ 36,83). Lá fora, o barril do Brent para abril registrou valorização de 1,62%, negociado a US$ 75,87 no fechamento.

… Grandes bancos subiram, com exceção de Santander (-0,98%; R$ 26,15). Itaú ganhou 1,09% (R$ 34,29); Bradesco ON, +0,83% (R$ 10,97); e BB, +0,14% (R$ 27,82). Bradesco PN ficou praticamente estável (+0,08%; R$ 12,00).

… BTG Pactual recuou 1,77% (R$ 31,55) apesar do balanço trimestral sólido do 4Tri24. A baixa foi considerada por alguns operadores como um movimento de realização dos lucros recentes.

… TIM valorizou 1,21% (R$ 15,83) à espera dos resultados do 4Tri, divulgados depois do fechamento. Azul, com -3,17%, a R$ 3,66; e Embraer, com -2,13%, a R$ 60,97, lideraram as perdas do dia.

BLEFE NADA – Tem correção à vista para hoje no câmbio e na curva do DI, que ontem, junto com o Ibov, arriscaram o palpite de que a ameaça de Trump sobre o aço não se concretizaria ou seria revertida rapidamente.

… Decidindo não levar tão a sério a retórica do republicano, o real recebeu algum suporte nesta 2ªF do impulso das commodities, favorável às moedas de países produtores. Além disso, o carry trade entrou na conta.  

… A perspectiva de Selic de 15% (Focus) ou mais no fim do ano elege o Brasil como alvo do capital estrangeiro.

… O economista Nicolas Borsoi (Nova Futura Investimentos) observou ao Broadcast que o k externo também pode estar entrando aqui como forma indireta de aproveitar a melhora nas expectativas para a China.

… O dólar à vista fechou em leve baixa de 0,13%, cotado a R$ 5,7860. Mas, diante do protecionismo nos EUA, onde Trump joga com todas as armas, volta à cena o perigo de a moeda recobrar os R$ 5,80 e ir mais além.

… Também a curva do DI tem cada vez menos espaço de manobra para devolver prêmio de risco, não só por causa de Trump, que tem tudo para exigir mais do Copom, como pelos ruídos fiscais, potencializados pelo viés eleitoreiro.

… O BC fez certo ao ganhar flexibilidade para agir, sem se comprometer com guidance para a decisão de política monetária em maio, porque o campo é minado de incertezas e Galípolo ganha tempo para se ambientar melhor.

… No levantamento Focus, houve nova piora das expectativas para a inflação. A mediana para o IPCA suavizado nos próximos 12 meses, relevante diante da meta contínua, subiu de 5,74% para 5,87%. Um mês atrás, estava em 5,01%.

… Já rompe faz tempo o teto tolerado, de 4,5%. A estimativa para o IPCA/25 subiu pela 17ª semana seguida: 5,51% para 5,58%, mais de 1pp acima do limite superior da banda. A mediana para o IPCA/26 foi de 4,28% para 4,30%.

… Não houve alteração nas projeções de Selic para o fim de 2025 (15,00%) e 2026 (12,50%), já bem elevadas.

… Em sessão morna, os contratos futuros dos juros fecharam nesta 2ªF em leve baixa na ponta curta e no “miolo” da curva, induzidos pelo discreto alívio do dólar, enquanto a ponta longa terminou o pregão praticamente estável.

… No fechamento, o DI para janeiro de 2026 marcava 14,975% (de 15,020% no fechamento anterior); Jan/27,  15,160% (de 15,195%); Jan/29, a 14,885% (14,900%); e Jan/31, 14,840% (14,820%). Jan/33 não se mexeu (14,770%).

… Antes mesmo da confirmação oficial de Trump das tarifas sobre o aço, carta mensal divulgada pela gestora Verde indicava aos seus clientes que a melhora recente dos ativos domésticos parece ter caráter temporário e técnico.

… “Esperamos que, conforme a agenda de aumento da faixa de isenção do IR volte à tona nos próximos meses, o mercado deva retomar o olhar para a frágil situação fiscal do País e demande prêmios de risco maiores.”

QUASE PASSOU BATIDO – Em Wall Street, predominou ontem a leitura de que os resultados da política tarifária de Trump seriam menores do que o temido e os investidores se sentiram encorajados a comprar ações.

… A alta dos índices de ações foi liderada pelo grupo mais poderoso, as techs. O Nasdaq avançou 0,98%, aos 19.714,27 pontos. O S&P 500 ganhou 0,67% (6.066,44), absorvendo o temor de uma guerra comercial.

… Siderúrgicas foram as ganhadoras no dia. Cleveland Cliffs deu um salto de 17,93%, seguida por Steel Dynamics (+4,86%), US Steel (4,8%,  Commercial Metals Company (+2,36%) e Alcoa (+2,21%).

… Apesar de apresentar resultados do 4Tri24 levemente abaixo das expectativas, as ações do McDonald’s subiram 4,80%, ajudando a puxar a alta de 0,38% no Dow Jones, aos 44.470,41 pontos.

… Já o câmbio foi sustentado pela retórica do presidente dos EUA e o índice DXY subiu 0,26%, a 108,319 pontos. O euro caiu 0,17%, a US$ 1,0309. A libra cedeu 0,31%, a US$ 1,2366, e o iene perdeu 0,34%, a 151,918/US$.

… Nos Treasuries, não houve estresse. O juro da note-2 anos caiu a 4,273%, de 4,293% na sessão anterior. Os longos tiveram alta marginal: note-10 avançou a 4,499% (de 4,491%) e o do T-bond de 30 anos subiu a 4,713% (de 4,685%).

… Para o Commerzbank, a tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio afeta uma importante cadeia de produção e pode pressionar a inflação, o que levaria a uma política mais hawkish do Fed e a um dólar mais alto.

… Ontem, porém, pesquisa do Fed/NY indicou expectativas estáveis (em 3%) para a inflação nos horizontes de 1 e 3 anos e alta (de 2,7% para 3%) nas previsões dos consumidores para cinco anos.

… Os dados vêm na sequência da pesquisa da Universidade de Michigan, que na última 6ªF mostrou uma alta expressiva nas expectativas de inflação de curto prazo dos americanos.

EM TEMPO… ITAÚSA aprovou a distribuição de R$ 6,6 bilhões em proventos, sendo R$ 4,4 bilhões em dividendos (R$ 0,4081 por ação) e R$ 1,1 bilhão em JCP (R$ 0,1011 por ação), com pagamento em 7/3…

… Pagará ainda, em 1º/4, R$ 510 milhões em JCP correspondentes a duas parcelas dos proventos trimestrais fixos, a R$ 0,0235 por ação. Por fim, pagará em 22/4 mais R$ 1 bilhão em dividendos, correspondentes a R$ 0,092 por ação…

… A empresa aprovou aumento do capital social da companhia, no valor de até R$ 1 bilhão, passando a R$ 81,189 bilhões, mediante a emissão privada de 149.253.731 novas ações escriturais, sendo 51.305.206 ON e 97.948.525 PN.

AZUL vai propor a seus acionistas, em assembleia no próximo dia 25, uma conversão automática de ações preferenciais (PN) em ordinárias (ON)…

… A proposta segue um aumento de capital da companhia área, que pode chegar a R$ 6,2 bilhões, e seria feito só com ações PN.

LWSA. Conselho confirmou Rafael Chamas como CEO. Também aprovou a eleição de Fernando Biancardi Cirne, que liderou a LWSA nos últimos seis anos como diretor-presidente, para o cargo de membro efetivo do colegiado.

TIM registrou lucro líquido normalizado de R$ 1,055 bilhão no 4Tri24, alta anual de 17,1%. O Ebitda anualizado aumentou 6,2%, para R$ 3,346 bilhões, e a receita líquida cresceu 5,7%, para R$ 6,631 bilhões…

… A companhia vai distribuir R$ 200 milhões em JCP, a R$ 0,08 por ação; ex em 18/02.

COSAN anunciou que fará o resgate antecipado facultativo total da 7ª emissão de debêntures. Serão resgatadas 14,915 milhões de debêntures, no valor de US$ 306,724 milhões, convertida pela taxa cambial do dia 12/2.

OPENAI. Um consórcio de investidores liderado por Elon Musk fez oferta de US$ 97,4 bilhões pela empresa.

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*com a colaboração da equipe do BDM Online

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Brasil deve ser atingido por tarifas de Trump

Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*.

[10/02/25]

… O IPCA, as vendas no varejo e o volume de serviços calibram as apostas para a taxa Selic nesta semana, enquanto o aumento do crédito anunciado por Lula concentra o maior foco de risco. Nos EUA, as sabatinas de Powell no Congresso e dados de inflação americana (CPI e PPI) são destaques da agenda, depois que o payroll esvaziou as chances de dois cortes de juro pelo Fed este ano. Mas o dia já começa com pressão sobre o dólar, diante da ameaça de Trump de anunciar ainda hoje a taxação sobre as importações de aço e alumínio em 25%. O Brasil é o terceiro exportador e deve ser atingido. Além disso, prometeu aplicar tarifas recíprocas de importação aos seus parceiros comerciais, a serem anunciadas “amanhã ou 4ªF”. Nesta 2ªF, entraram em vigor as medidas retaliatórias da China contra os EUA, em resposta às tarifas de Trump.

… Havia expectativa por negociações entre Washington e Pequim que pudessem evitar a guerra comercial, como aconteceu com o México e o Canadá. A Casa Branca chegou a anunciar que Trump conversaria com Xi Jinping, mas descartou o telefonema horas depois.

… Segundo o Ministério do Comércio da China informou na última semana, o gás liquefeito e o carvão exportados para os Estados Unidos serão taxados em 15%, e o petróleo, máquinas agrícolas e veículos de grande potência, em 10%.

… Ao mesmo tempo, Trump veio com novas ameaças de tarifas, falando a repórteres a bordo do avião presidencial, no fim do domingo.

… Disse que a tarifa de 25% sobre importações de aço e alumínio será anunciada nesta 2ªF para todos os países e que, na 3ªF ou 4ªF, em coletiva de imprensa, anunciará também tarifas recíprocas aos países que “estão tirando vantagem dos EUA”.

… Sobre as tarifas às importações de aço e alumínio, a Bloomberg afirmou que podem repercutir nas empresas americanas de energia, de desenvolvedores eólicos a perfuradoras de petróleo que dependem de graus especiais de aço não fabricados no país.

… Compradores e vendedores de aço e alumínio achavam que teriam pelo menos até março para se preparar para uma eventual taxação.

… A agência diz que a escala das ambições tarifárias gerais de Trump permanece incerta, lembrando que ele já falou em taxar outros bens, incluindo produtos farmacêuticos, petróleo e semicondutores, além de considerar taxas de importação contra a UE.

… Neste domingo, em debate eleitoral com o líder da União Democrática Cristã, Friedrich Merz, o chanceler Olaf Scholz reconheceu que a Alemanha será um dos países mais prejudicados por tarifas contra a UE, mas que está preparado para reagir “em até uma hora”.

… Aqui, o presidente Lula também já disse que o seu governo reagiria a uma eventual taxação de Trump.

… Em 2023, o Brasil foi o terceiro maior fornecedor de aço para os EUA, atrás de Canadá e México. Naquele ano, os EUA compraram 18% de todas as exportações brasileiras de ferro fundido, ferro ou aço.

… Durante o primeiro mandato, Trump impôs tarifas de 25% sobre importação de aço e 10% sobre as de alumínio. Mais tarde, revogou as sobretaxas. Mas houve desligamento de fornos e demissões no setor no Brasil.

… Pouco antes de embarcar no Force One, Trump deu entrevista à Fox News, quando reclamou do déficit comercial que o país tem com o México e o Canadá. “Nós temos um déficit com o México de US$ 350 bilhões. Não vou deixar isso acontecer”.

… Voltou também a falar que quer o Canadá para os EUA. “Perdemos todos os anos US$ 200 bilhões para o Canadá.”

… O presidente Trump disse ainda ter conversado com Putin sobre a guerra na Ucrânia, disse que “está fazendo progressos”, e revelou que quer se encontrar presencialmente com o líder russo no “momento apropriado”. Trump falou ainda sobre Gaza.

… “Seria um erro deixar os palestinos voltarem para lá. Não queremos a volta do Hamas. Estou comprometido a comprar e a ser dono de Gaza. Pense em Gaza como um local imobiliário. Outros lugares do Oriente Médio vão construir lugares para os palestinos morarem.”

… Os futuros de NY reagiam em queda às novas ameaças tarifárias de Trump, enquanto o dólar subia.

METRALHADORA GIRATÓRIA – A ameaça de tarifas sobre o aço ocorre em meio a um acordo paralisado pela japonesa Nippon Steel para comprar a US Steel por US$ 14,1 bi, que, se depender de Trump, não irá pra frente.

… Na entrevista no avião presidencial, ele disse que a Nippon pode até investir na US, mas não comprá-la.

… Atirando para todos os lados ontem à noite, sobrou até para o Tesouro. Para Trump, a dívida dos EUA pode ser menor do que se pensa por causa de supostas fraudes do Departamento do Tesouro.

QUEM QUER DINHEIRO? – A partir desta semana, o governo federal anuncia novos programas voltados à aceleração do crédito, enquanto os bancos privados vão na contramão e pisam no freio, diante da piora da inflação e Selic nas alturas.

… Durante agenda na Bahia, na última 6ªF, Lula repetiu que vai anunciar “muitas” políticas de crédito. Segundo ele, quando o dinheiro começar a circular no País, “ninguém aqui vai comprar dólar e depositar no exterior”.

… Reportagem da Folha de sábado informa que o presidente Lula planeja ainda que os bancos públicos tenham forte atuação na oferta do crédito pela nova modalidade do empréstimo consignado privado, prestes a sair.

… O novo modelo será lançado sem a exigência de um teto para os juros, ao contrário da versão para o INSS.

… O esforço para bombar o crédito acontece no contexto de inflação pressionada, especialmente dos alimentos, que tem levado o governo a procurar representantes de setores para cobrar as razões dos reajustes no varejo.

… O mercado vê com preocupação o risco de intervencionismo e as tentativas de segurar a inflação “na marra”.

NÃO TEM SIDÔNIO QUE DÊ JEITO – Mais uma trapalhada na comunicação do governo abriu nova crise na última 6ªF, quando o ministro Wellington Dias cogitou um aumento do Bolsa Família para compensar o impacto da pressão dos alimentos.

… Em entrevista ao portal Deutsche Welle, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome assustou ao revelar que uma alta no valor do repasse do programa assistencial “está na mesa”.

… Antecipou que está preparando um relatório sobre o assunto para apresentar a Lula até o mês que vem.

… Na tentativa de apagar o incêndio, a Casa Civil teve que redigir uma nota às pressas na tarde de 6ªF para desautorizar o ministro e negar que exista qualquer estudo circulando dentro do governo sobre o tema.

… Ao Broadcast, integrantes da equipe econômica disseram que tudo não passa de ruído. Segundo os técnicos, além de não haver espaço orçamentário para um aumento no benefício, a medida pioraria o cenário de inflação. 

… Os desmentidos, porém, não acalmaram o mercado, que já vinha estressado pelo tarifaço de Trump. Na onda de maior nervosismo, o dólar à vista encostou na marca dos R$ 5,80 e o Ibovespa devolveu os 125 mil pontos.

… Os contratos curtos dos juros futuros voltaram a pagar taxas na faixa de 15% (leia mais abaixo). 

… Profissionais do mercado acreditam que, se o governo resolver levar adiante a possibilidade de reajuste do Bolsa Família, a percepção de risco fiscal só vai piorar e que a curva do DI vai cobrar prêmios mais elevados.

… No Focus (8h25), a mediana para a Selic terminal roda em 15%. Foi interessante observar que, durante a reunião de economistas com diretores do BC na 6ªF, ninguém mencionou apostas mais agressivas, de 16%.

… Mas o governo não pode brincar com o fiscal, no risco calculado para não pressionar ainda mais a Selic.

… Segundo apurou o Broadcast, existe o consenso de que os juros mais altos, combinados à retirada de parte dos impulsos fiscais, devem frear o ritmo da atividade econômica, sobretudo no segundo semestre.

… Há divergências, porém, quanto à intensidade da desaceleração. Apesar dos sinais de menor dinamismo, o PIB pode seguir relativamente aquecido pela safra recorde de grãos, mercado de trabalho e herança estatística.

PÉ-DE-MEIA –Em Brasília, o ministro do TCU Augusto Nardes pauta para esta semana a votação de recurso do governo para liberar as verbas do programa, bloqueadas pela Corte por terem sido operadas fora do Orçamento.

… O entendimento do TCU é de que o governo federal não poderia ter operado o programa para o ensino médio, porque se desviou da lei orçamentária e dos limites fiscais ao pagar a bolsa para os estudantes.

MAIS AGENDA –O grau de esfriamento da economia poderá ser medido esta semana pelos dados de dezembro das vendas no varejo (5ªF) e do volume de serviços (4ªF). Amanhã, o mercado estará ligado no IPCA de janeiro.

… O índice oficial de inflação deve desacelerar para 0,16%, contra alta de 0,52% em dezembro. O bônus de Itaipu na tarifa de energia elétrica deve contribuir para a desaceleração do resultado do indicador em janeiro.

… Para a inflação em 12 meses, a mediana indica taxa de 4,56% em janeiro, abaixo de dezembro (4,84%).

… Semana reserva ainda as primeiras prévias dos preços em fevereiro: IPC-S (hoje, às 8h) e IPC-Fipe, amanhã.

BALANÇOS –Depois do início movimentado da temporada com os resultados dos bancos, a semana é mais tranquila, com destaque para Usiminas (6ªF). Hoje, BTG Pactual e TIM Brasil soltam os seus números.

… Na 4ªF, é a vez de Suzano, Banrisul, Jalles Machado e Totvs. Na 5ªF, Caixa Seguridade. Na 6ªF, Porto e Raízen.

LÁ FORA – Powell estará no Congresso americano duas vezes esta semana para apresentar o Relatório Semianual de Política Monetária em audiências nas comissão do Senado amanhã (3ªF) e na Câmara na 4ªF.

… Os investidores também estarão de olho nos dados de inflação de janeiro: CPI (4ªF) e PPI (5ªF). Entre os indicadores de atividade econômica nos EUA, saem na 6ªF as vendas no varejo e produção industrial de janeiro.

… Apesar de o payroll ter desacelerado em termos de criação de emprego em janeiro, a pressão salarial ganhou força e o desemprego diminuiu, reduzindo as chances de cortes de juro pelo Fed ao longo deste ano (abaixo).

… Além dos fundamentos econômicos, o Fed reconhece que a abordagem sobre a política monetária também continua condicionada aos potenciais efeitos do tarifaço de Trump sobre a inflação norte-americana.

… No bloco europeu, como parte de um acordo para evitar uma guerra comercial, o Financial Times informou que a União Europeia oferecerá uma redução de tarifas sobre as importações de automóveis dos EUA. 

… No campo geopolítico, Trump antecipou que se encontrará Zelensky na próxima 6ªF. Segundo relatório vazado nos últimos dias, os EUA pressionam a Ucrânia a aceitar um cessar-fogo com a Rússia até a Páscoa.

… Os planos são acompanhados de perto pelo petróleo, que monitora também os relatórios mensais da Opep (4ªF) e da AIE (5ªF). Ainda na agenda da semana, o McDonald´s divulga balanço hoje, antes da abertura.

… Também nesta 2ªF, Lagarde (BCE) participa de debate (11h). Amanhã (3ªF), o presidente do BC inglês (BoE), Andrew Bailey, discursa em evento. Na 6ªF, o BC da Rússia anuncia decisão de política monetária.

CHINA HOJE – A inflação ao consumidor (CPI) registrou alta anualizada de 0,5% em janeiro, acima da previsão de 0,4%. O núcleo subiu pelo quarto mês consecutivo, acelerando de 0,4% em dezembro para 0,6%. 

… O resultado sinaliza possível recuperação após as medidas de estímulo anunciadas pelo governo de Pequim.

… Por outro lado, o índice de preços ao produtor (PPI) caiu 2,3% contra um ano antes (mesmo resultado de dezembro). Economistas previam queda de 2,2%. O dado permanece em deflação por mais de dois anos.

APANHA DE TODO LADO – Os ativos brasileiros encararam uma sinuca de bico na 6ªF, com o exterior fugindo do risco, em meio a escalada tarifária de Trump, e a política doméstica provocando ruído fiscal, mais uma vez.

… Investidores avaliavam se a reciprocidade tarifária a ser anunciada pelos EUA poderia atingir o Brasil, quando no meio da tarde o ministro Wellington Dias veio com aquela história de estudo sobre o aumento no Bolsa Família.

… Pegos de surpresa, Fazenda e Casa Civil negaram a informação, mas ainda assim o mercado aprofundou as perdas.

… O dólar voltou aos R$ 5,80 na máxima do dia (R$ 5,8086), para fechar próximo disso, em alta de 0,52%, a R$ 5,7936. Na semana, ainda fechou com queda de 0,74%.

… Embalado pelo dólar e pela alta dos Treasuries, os juros escalaram, com os curtos de volta à marca dos 15%.

… O DI Jan/26 marcou 15,020% (de 14,930% no fechamento anterior); Jan/27 subiu a 15,195% (15,000%); Jan/29, a 14,900% (14,665%); Jan/31, a 14,820% (14,640%); e Jan/33, a 14,770% (14,580%).

… Com perdas em suas principais blue chips, o Ibovespa encerrou o dia em 124.619,40 pontos, baixa de 1,27%. O índice engatou a primeira perda semanal do ano: -1,20%. No acumulado de 2025, ainda ganha 3,60%.

… Bradesco foi destaque de baixa após o balanço do 4Tri com números positivos, mas guidance conservador. A ação PN registrou -3,93% (R$ 11,99) e a ON, -3,12% (R$ 10,88).

… Outros bancos sentiram o mau humor. Santander caiu 2,19% (R$ 26,41). Banco do Brasil baixou 1,31% (R$ 27,78) e Itaú Unibanco desvalorizou 0,73% (R$ 33,92).

… Petrobras ON teve queda de 0,68% (R$ 39,70), Petrobras PN perdeu 0,57% (R$ 36,58), na contramão do Brent/abril, em alta de 0,49%, a US$ 74,66, diante das sanções anunciadas por Trump às exportações de óleo do Irã.

… Vale cedeu 0,54% (R$ 54,83), também na direção contrária ao minério de ferro em Dalian (+0,86%).

… Outras baixas importantes foram de Automob (-7,41%; R$ 0,25), Cosan (-6,14%; R$ 7,18) e Localiza (-6,11%; R$ 29,94). Entre as maiores altas, Totvs (+2,69%; R$ 33,54), Hapvida (+2,64%; R$ 2,33) e Fleury (+1,83%, a R$ 11,69).

VAI PASSAR DE BRAVATA – Uma potencial escalada da guerra comercial nesta semana deixou os investidores com o pé atrás na 6ªF. Se o governo Trump começou num tom mais moderado, agora parece que o caldo vai engrossar.

… Em NY, o mercado já estava tenso com dados sobre o sentimento do consumidor e salários em aceleração, quando Trump falou em “tarifas recíprocas” e desandou os ativos.

… Basicamente, a reciprocidade taxa importações na mesma medida em que as exportações do país são taxadas.

… Ao lado do primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, em reunião na Casa Branca, sequer descartou tarifas contra o país.

… Se aumenta o temor dos investidores sobre o impacto das tarifas na inflação, a percepção dos consumidores sobre os preços também anda preocupante.

… Pesquisa mensal da Universidade de Michigan mostrou que a expectativa de inflação dos americanos para 12 meses saltou de 3,3% em janeiro para 4,3% em fevereiro. Para o horizonte de cinco anos, subiu de 3,2% para 3,3%.

… A confiança do consumidor caiu de 71,1 em janeiro para 67,8 em fevereiro, de expectativa de 72.

… No FedWatch, do CME, ampliou-se a aposta de apenas um corte de 25 pb no juro pelo Fed este ano, de 32% para 35%. Essa possibilidade, de uma redução única, já havia crescido com o payroll.

… Os dados do mercado de trabalho vieram mistos, mas ainda firmes.

… Os EUA criaram um saldo de 143 mil vagas em janeiro, abaixo do 170 mil esperados, mas os empregos de dezembro (de 256 mil para 307 mil) e novembro (212 mil para 261 mil) foram ajustados em 100 mil vagas a mais, no total.

… Houve ganho salarial anual de 4,1%, de 3,8% esperados. Na comparação mensal, a alta foi de 0,48%, de projeção de +0,3%.

… Dois dirigentes do Fed, Austan Goolsbee (Chicago) e Adriana Kugler, consideraram o mercado de trabalho americano saudável, perto do pleno emprego, permitindo que o Fed segure os juros por mais tempo.

… Em entrevista à CNBC, Neel Kashkari (Fed de Minneapolis), disse que a inflação vai continuar a esfriar em direção à meta de 2%, permitindo um corte de juros “modesto” no fim do ano.

… No mercado de ações, o Nasdaq puxou as perdas, com queda de 1,36%, a 19.523,40 pontos. Amazon (-4,05%) se destacou após guidance que decepcionou investidores. O S&P 500 recuou 0,95% (6.025,99) e o Dow Jones caiu 0,99% (44.303,40).

… O cenário em torno da inflação pressionou os juros dos Treasuries. O da note de 2 anos subiu a 4,286% (de 4,212% na sessão anterior) e o da note de 10 anos avançou a 4,487% (de 4,440%). O do T-Bond de 30 anos subiu a 4,686% (de 4,636%).

… Pressão também no dólar, com o índice DXY em alta de 0,32%, a 108,040 pontos. O euro caiu 0,58% (US$ 1,0327). O BCE divulgou relatório apontando espaço para mais cortes de juros a fim de chegar à taxa neutra.

… A libra caiu 0,27%, a US$ 1,0327. O iene ficou perto da estabilidade (+0,07%), a 151,409/US$.

EM TEMPO… USIMINAS prepara uma queixa contra a CSN na CVM alegando que a companhia teria mentido ao mercado ao declarar que não sabia do prazo para se desfazer das ações da Usiminas até julho do ano passado…

… A disputa é um capítulo da novela que envolve a Ternium, empresa parte do conglomerado italiano Techint, e a própria CSN, referente ao controle da Usiminas.

LWSA celebrou protocolos de justificação com a finalidade de determinar os termos e condições das possíveis incorporações das suas controladas LwK e LwCommerce.

CCR assinou contrato de concessão para exploração do sistema rodoviário “Rota Sorocabana”. O lote foi arrematado no leilão de outubro, com uma oferta de outorga fixa de R$ 1,601 bilhão.

RAÍZEN negou haver qualquer decisão sobre um potencial aumento de capital da companhia, após ser questionada pela B3 e pela CVM sobre notícia veiculada no Valor.

RAÍZEN POWER foi colocada à venda pelo grupo Cosan, visando dar continuidade a redução de seu endividamento…

… A Cosan também quer levantar capital na Rumo, sua empresa ferroviária e de logística, vendendo participação em projetos. O JPMorgan está cuidando da primeira transação e o BTG Pactual, da segunda.

SÃO MARTINHO teve lucro líquido de R$ 157,9 milhões no 3TRI fiscal, queda de 25% na comparação anual; Ebitda subiu 50,4%, para R$ 1,058 bi; receita líquida aumentou 14,6%, para R$ 1,845 bi.

JHSF renovou até agosto de 2026 o programa de recompra de 28,6 milhões de ações, equivalente a 10% dos papéis em circulação.

CURY informou que realizará o resgate antecipado facultativa do total de debêntures da 4ª emissão no dia 17/2.

INTERCEMENT vai entregar hoje à Justiça seu plano de recuperação judicial para reestruturar dívidas de R$ 14,2 bi, envolvendo suas controladoras indiretas, InterCement Participações (ICP) e Mover Participações (Broadcast).

MOOVE. Incêndio atingiu uma fábrica da empresa de lubrificantes, na Ilha do Governador (RJ), no sábado. Não houve vítimas. A Moove, subsidiária do Grupo Cosan, informou que a fábrica não estava em operação.

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