IPCA de outubro – Análise PicPay
IPCA de outubro sobe 0,09%, abaixo do esperado, com desaceleração para 4,68% em 12 meses e alívio em alimentos e energia elétrica.
O IPCA de outubro registrou alta de 0,09%, abaixo da nossa projeção de 0,13%. No acumulado em 12 meses, a inflação desacelerou de 4,77% para 4,68%, interrompendo a sequência de aceleração observada desde julho. O resultado foi melhor do que o esperado e reforça o movimento de desinflação gradual, com alívio disseminado entre os principais grupos e surpresas baixistas em alimentos e habitação.
Do ponto de vista qualitativo, o dado reforça um cenário mais benigno para o curto prazo. A saída do bônus de Itaipu, que poderia ter pressionado a energia elétrica, acabou sendo compensada pela redução da bandeira tarifária, resultando em queda de 2,39% na energia residencial e impacto negativo de aproximadamente 0,10 p.p. no índice geral. Além disso, o comportamento dos alimentos foi mais favorável do que o projetado, mesmo diante da alta em commodities agrícolas no mercado internacional.
*Setorialmente, seis dos nove grupos do IPCA registraram alta em outubro*, com destaque para Saúde e cuidados pessoais (0,41%), impulsionado por higiene pessoal e planos de saúde, Despesas pessoais (0,45%), refletindo reajustes em pacotes turísticos e serviços domésticos, Vestuário (0,51%), em razão de ajustes sazonais em calçados e roupas, e Transportes (0,11%), puxado por combustíveis e passagens aéreas. Em contrapartida, Habitação (-0,30%) recuou devido à queda de 2,39% na energia elétrica, e Artigos de residência (-0,34%) mostraram retração com menor demanda por eletrodomésticos, enquanto Alimentação e bebidas (+0,01%) ficaram praticamente estáveis, com deflação nos alimentos no domicílio compensando altas pontuais em itens in natura.
O resultado de outubro confirma um processo de desinflação mais consistente, com surpresas baixistas concentradas em bens e administrados. A difusão se manteve em 52% e as medidas de núcleo de inflação mostraram novo arrefecimento, o que reduz a probabilidade de repiques no curto prazo. A melhora do balanço de riscos reflete a estabilidade do câmbio, o recuo das commodities energéticas e a menor pressão de serviços após meses de resiliência. A leitura também sugere que a inflação de bens industriais segue contida, beneficiada por um ambiente global de preços mais baixos e recomposição de estoques.
Diante do resultado, mantemos viés baixista para o IPCA de 2025 e revisamos nossa projeção de 4,9% para 4,6% no ano, com expectativa de que a inflação continue convergindo de forma gradual à meta, sustentada por efeitos defasados da política monetária, estabilidade cambial e comportamento mais benigno dos alimentos.