Haddad poupa Galípolo de mão pesada no juro
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[25/06/25]
… Powell volta ao Congresso americano hoje para falar no Senado (11h), após ter reafirmado na Câmara que o Fed não precisa ter pressa para reduzir os juros. Deve repetir a mesma mensagem de cautela, que reforçou as apostas no primeiro corte apenas em setembro. O cessar-fogo nos conflitos entre Israel e o Irã ajuda a distender as tensões, mas informações de que os ataques às instalações iranianas não destruíram as ambições nucleares dos aiatolás mantêm a tensão na região. Aqui, a ata do Copom não abriu espaço para especulações, mantendo o alerta hawkish, que projeta a Selic a 15% por muito tempo. A agenda de indicadores é mais fraca, com vendas de casas novas nos EUA (11h) e transações correntes no Brasil (8h30). Mas tem leilão duplo no câmbio e a repercussão de uma entrevista de Haddad.
… Em férias quando o Copom decidiu por mais uma alta do juro na semana passada, o ministro da Fazenda comentou, ontem à noite, na Record News que está “preocupado, evidentemente, com a taxa muito restritiva e muito acima da inflação projetada”.
… Mas defendeu Galípolo, assumindo os argumentos do PT, que a alta foi contratada na gestão anterior, de Roberto Campos Neto.
… “Essa alta, sendo muito honesto, quem é do ramo sabe, foi contratada na última reunião do Roberto Campos. É como uma contratação futura da taxa. Não dá pra dar cavalo de pau em política monetária, vai perder credibilidade. Tem que ter muita cautela.”
… E prosseguiu na defesa do presidente do Banco Central indicado por Lula: “Estamos em um começo de um mandato [de Galípolo], que carrega a memória do anterior [Campos Neto]. Ainda precisamos dar um pouco de tempo ao tempo”.
… O ministro também defendeu o aumento do IOF, afirmando que “várias instituições financeiras começaram a driblar o Imposto sobre Operações Financeiras e o governo fechou a porta, dizendo: Olha, não pode. Tudo tem que estar regido pela mesma regra”.
… Haddad insistiu no argumento de que não está aumentando a carga tributária e nessas respostas mostrou muita irritação.
… “A pergunta que tem que acender uma luz na cabeça de todo mundo é: para quem está aumentando? Se eu estou aumentando a carga tributária de quem não paga nada e é rico, eu não estou aumentando a carga tributária.”
… Citou várias vezes o morador da cobertura e os ricos que não pagam imposto.
… Questionado sobre as resistências do Congresso à MP 1.303/2025, que apresenta alternativas de arrecadação, o ministro demonstrou confiança de que será aprovada. “Mediante negociação, nós temos aprovado praticamente todas as medidas.”
… Sobre gastos do governo, Haddad disse que o debate “está congelado até o País encontrar o caminho da sustentabilidade”.
… “Nenhum gasto é bem-vindo, a não ser os imprescindíveis. Se formos parcimoniosos, prudentes nas despesas públicas, teremos mais crescimento. Hoje, temos que ser muito cautelosos. O Brasil tem chance de entrar num ciclo virtuoso.”
… Haddad também defendeu o aumento da oferta de crédito imobiliário para a classe média, revelando que o governo está dando os retoques finais em “um novo instrumento com garantia, para que o juro seja baixo e possamos alavancar essa indústria”.
… “É uma ideia muito interessante que vem sendo gestada há muitos meses com o BC, o Ministério das Cidades e a Caixa.”
… Nesta 3ªF, Haddad e Galípolo participaram de uma reunião de Lula com o presidente da Caixa, Carlos Vieira, para discutir justamente alternativas que garantam o funding do financiamento imobiliário, diante da escassez de recursos da caderneta de poupança.
… O foco é aprimorar a linha de crédito imobiliário corrigida pelo IPCA, uma modalidade lançada em 2019, mas que não deslanchou nos anos seguintes, porque os picos de inflação aumentaram bruscamente as parcelas dos mutuários, gerando inadimplência.
… A ideia, agora, é estruturar um mecanismo que permita transferir aumentos no IPCA para o saldo devedor do empréstimo.
NEM ISSO – Apesar do discurso de austeridade de Haddad, o governo Lula já recuou em uma medida de corte de gastos na MP que prevê alternativas ao IOF, estendendo de 30 dias para 60 dias o limite para concessão do auxílio-doença sem perícia médica (Atestmed).
… Essa limitação no prazo geraria economia de R$ 1,2 bilhão em 2024 e R$ 2,6 bilhões em 2025. O novo impacto não foi ainda estimado.
TENSÃO EM STAND BY – No fim da noite, o barril do petróleo subia perto de 1,50%, após o tombo de quase 13% nos dois últimos pregões com o cessar-fogo no Oriente Médio. O start para a correção vem de dúvidas se o programa nuclear do Irã foi destruído.
… Relatório preliminar da inteligência dos EUA constata que os ataques do exército americano a três instalações nucleares iranianas, no último sábado, apenas atrasaram em alguns meses as ambições nucleares de Teerã.
… O documento confronta a versão de Trump de que esta batalha já estava vencida e fica mais difícil acreditar em uma paz duradoura. No cenário de instabilidade, o cessar-fogo também parece representar um alívio frágil.
… O enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, garantiu, porém, que os EUA e o Irã já estão em discussões iniciais sobre a retomada das negociações do programa nuclear iraniano.
… “As conversas são promissoras. Estamos esperançosos”, afirmou, em uma entrevista à Fox News.
LEILÃO DUPLO NO CÂMBIO – O BC realizará uma intervenção dupla no câmbio (9h30), com o leilão de venda de US$ 1 bilhão no segmento spot e oferta de 20 mil contratos de swap cambial reverso (equivalente a US$ 1 bilhão), que, na prática, significa compra de dólar futuro.
… A atuação estaria relacionada a um fluxo pontual de saída de estrangeiros, comum em fim de semestre, que tem pressionado o cupom cambial, em ambiente de baixa liquidez – o que, segundo traders, teria explicado a alta do dólar, nesta 3ªF.
… A correção repentina no câmbio no meio da tarde de ontem, portanto, quando o dólar deixou as mínimas e virou para alta, contrariando a onda de queda externa, teve pouco ou nada a ver com o tombo do petróleo.
… O gatilho, de caráter técnico, foi atribuído principalmente aos preparativos para o leilão conjugado e simultâneo (spot + swap reverso) de hoje, o “casadão”, no jargão do mercado, que o BC chamou para prevenir o estresse no cupom cambial.
… A atuação é uma tentativa de evitar qualquer disfuncionalidade por conta da fuga sazonal de recurso estrangeiro nesta época do ano em que há uma natural adaptação de carteiras, devido à virada para o segundo semestre.
… Primeiro, nesta 3ªF, o dólar à vista cumpriu os prognósticos de que furaria R$ 5,50 com o cessar-fogo. Bateu R$ 5,4759 no piso do dia, com o movimento acentuado pela interpretação de mais dois cortes do Fed este ano.
… Só depois de liquidado este ajuste às novidades do dia foi que a moeda americana então passou a subir, fechando em alta de 0,29%, em R$ 5,5189. A perspectiva para o real, porém, segue positiva, garantida pelo carry trade com a Selic a 15% por muito tempo.
MAIS AGENDA – O mercado espera um déficit de US$ 3,1 bilhões nas transações correntes em maio (mediana do Broadcast), após o saldo negativo de US$ 1,347 bilhão em abril. O resultado só não será pior em função do bom comportamento da balança comercial.
… Para o Investimento Direto no País (IDP), a mediana indica entrada líquida de US$ 4,5 bilhões em maio, resultado que deve ficar abaixo do saldo positivo de abril (US$ 5,491 bilhões). As expectativas vão de US$ 3,9 bilhões a US$ 5,9 bilhões. Os dados saem às 8h30.
… No início da tarde (14h30), o Banco Central divulgará os números semanais do fluxo cambial.
LULA – O presidente participa hoje de reunião do CNPE (9h30), que pode decidir o aumento da mistura do etanol na gasolina, de 27% para 30%. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também estará presente.
NOS EUA – As vendas de moradias novas (11h) podem registrar um tombo de 6,5% em maio, após a expansão de 10,9% em abril (11h). Já as 11h30, o DoE informará os estoques de petróleo na semana até dia 20 de junho.
A ATA NÃO VACILOU – Respeitando a adoção da estratégia “high for longer” do BC, pesquisa Broadcast apontou que a ampla maioria do mercado financeiro (32 de 37 casas consultadas) projeta a Selic engessada em 15% pelo menos até o final deste ano.
… Apenas uma parcela isolada (5 instituições) estima janela para retomada do afrouxamento monetário ainda este ano, entre novembro e dezembro. Dias atrás, o DI andou especulando sobre a chance de o juro já cair em janeiro.
… É esse o desafio do BC: continuar muito hawkish na comunicação, segurar as apostas de corte antecipado e ancorar as expectativas.
… Ontem, foi a melhora na percepção de risco global, com o cessar-fogo entre Israel e o Irã, que tirou prêmio da curva do DI, com exceção da ponta longa.
… No fechamento, o contrato para Jan/26 marcava 14,950% (de 14,962% no dia anterior); Jan/27, 14,215% (de 14,269%); e Jan/29, a 13,370% (de 13,390%). Jan/31 subiu a 13,550% (13,519%); e Jan/33, 13,650% (13,605%).
A PRESSA É INIMIGA DA PERFEIÇÃO – Em NY, momentaneamente, alguns agentes do mercado observaram um viés um pouco mais dovish na mensagem de Powell, quando ele reconheceu a chance de as tarifas virem mais brandas.
… “Podemos ver a inflação não tão forte quanto o esperado. Se for esse o caso, sugerimos cortar mais cedo”, foi o que ele disse, para depois complementar que as projeções do Fed são de alta da inflação por causa do tarifaço.
… Segundo Powell, a política protecionista do governo Trump deve começar a ser repassada para os preços a partir de agora, entre junho e julho, o que joga os holofotes sobre os próximos indicadores da inflação norte-americana.
… Ainda assim, afirmou, a maioria significativa dos formuladores de política monetária acha apropriado cortar o juro ainda este ano. Ao longo do pregão, o mercado desistiu do primeiro corte em julho e voltou a projetar setembro.
… Na plataforma FedWatch (CME), a aposta para setembro é amplamente majoritária (81%), contra 18,6% de julho. Powell esvaziou a lebre levantada por Christopher Waller e Michelle Bowman de um desaperto já mês que vem.
… Mas a perspectiva de ainda dois cortes do juro neste ano e o alívio com o cessar-fogo enfraqueceram o dólar.
… O índice DXY – que mede o desempenho da moeda dos EUA contra uma cesta de seis divisas fortes – furou o piso dos 98,000 pontos, com mínima de 97,707 pontos, e já acumula queda de mais de 1,50% nesta semana.
… Na mesma onda, as taxas dos Treasuries recuaram: Note de 2 anos a 3,816% (contra 3,847% na véspera) e de 10 anos a 4,297% (de 4,335%). NY observou o impacto deflacionário da nova derrocada registrada pelo petróleo ontem.
… Vindo de uma espiral de queda de quase 7% na véspera, o contrato do tipo Brent com vencimento em agosto derreteu mais 6,07% ontem e perdeu o nível dos US$ 70, negociado no fechamento dos negócios a US$ 67,14.
… A afundada cobrou, de novo, o seu preço da Petrobras: ON recuou 2,09% (R$ 34,17) e PN, -1,97% (R$ 31,37). Vale operou sem fôlego, praticamente estável (-0,02%, R$ 50,54), mas o Ibovespa conseguiu pegar o embalo externo.
… Entre as blue chips, a tração veio dos bancos, ignorando a ata hawkish do BC: Bradesco ON (+0,49%; R$ 14,26), Bradesco PN (+0,30%; R$ 16,54), Itaú (+1,89%; R$ 37,25), Santander (+1,82%; R$ 29,65) e BB (+1,66%; R$ 21,44).
… Mesmo com o cessar-fogo violado tanto por Israel como pelo Irã, as bolsas em Wall Street apostaram nos sinais de pacificação da “guerra de 12 dias” e ainda tiveram a garantia de Powell de pelo menos dois cortes de juro este ano.
… O Dow Jones completou o seu terceiro pregão consecutivo em terreno positivo. Subiu 1,19%, aos 43.089,02 pontos. O S&P 500 avançou 1,11%, aos 6.092,18 pontos, e o Nasdaq fechou em alta de 1,43%, aos 19.912,53 pontos.
EM TEMPO… EMBRAER inaugurou ontem novas instalações de serviços de manutenção, reparo e revisão para aviação comercial em um aeroporto no Texas, nos EUA, com investimento aproximado de US$ 70 milhões.
MULTIPLAN aprovou a distribuição de R$ 120 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,2456 por ação, com pagamento até 30/6/26; ex em 30/6/25…
… Companhia também aprovou novo programa de recompra de até 10 milhões de ações.
LOCALIZA aprovou a distribuição de R$ 533,8 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,5061 por ação, com pagamento em 19/8; ex em 30/6.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
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Ata do Copom e fala de Powell são destaques
Trump ficou tão animado com a resposta protocolar do Irã às bases americanas do Catar e os ataques “fracos” telegrafados aos Estados Unidos, que foi às redes sociais festejar: PARABÉNS AO MUNDO, É HORA DA PAZ! Fez mais: anunciou um acordo de cessar-fogo entre o Irã e Israel, “completo e total”, levando o petróleo a ampliar as perdas de quase 7% do pregão regular. O barril já vinha caindo com os sinais de que o Estreito de Ormuz ficaria fora da guerra, na aposta certeira do mercado. De volta à rotina, investidores têm hoje como destaques a fala de Powell na Câmara dos Representantes (11h), quando já poderá suavizar os riscos dos impactos inflacionários da tensão no Oriente Médio – abrindo caminho para um corte antecipado do juro americano. Aqui, a ata do Copom (8h) não pode vacilar na mensagem hawkish. Ou vai dar ruim.
… Depois de subir a Selic para 15%, quando pelo menos a metade dos economistas enxergavam condições para manter a taxa em 14,75%, o Banco Central tem o desafio de convencer o mercado de que nem começou a pensar em reduzir o juro.
… A maioria ainda trabalha com uma queda da Selic apenas no 3Tri/26, mas muita gente não comprou essa história e aposta que, do 1Tri, não passa. Outros, ainda mais ousados, acreditam que o Copom poderá agir já no final deste ano.
… Por mais que Galípolo tenha provado a sua atuação técnica, não dá para esquecer que é o “menino de ouro” de Lula, e nem tampouco que 2026 é ano de reeleição. Será que já não pesou a mão agora para poder soltar no ano que vem?
… Dando tudo certo, a economia vai desacelerar, o emprego vai enfraquecer e a inflação vai convergir para a meta – ou perto dela. Para que essa trajetória seja confirmada é importante que o mercado não se antecipe ou o BC ficará em desvantagem.
… O BC tem que ganhar a guerra das expectativas e, para isso, precisa manter a fama de mau e os juros elevados.
… Não foi por outro motivo que o Copom deu mais 25 pbs para a Selic, nem que ameaçou voltar a subir o juro. Agora, é selar esse cenário com um texto coerente na ata. O mercado vai procurar pistas sobre o timing dos cortes. O BC não deve dar pista nenhuma.
… Já nos EUA, Powell pode ir bem mais leve para o testemunho sobre a política monetária na Câmara, depois que os conflitos no Oriente Médio tomaram outro rumo, afastando os riscos de pressões inflacionárias com um salto do petróleo que não aconteceu.
… Os pregões regulares já estavam fechados quando Trump anunciou que Israel e Irã concordaram com um cessar-fogo, que começaria à meia-noite (hora de Washington). O Irã pararia primeiro e 12 horas depois Israel cessaria os ataques.
… “Na 24ª Hora, um fim oficial da GUERRA DOS 12 DIAS será saudado pelo mundo”, escreveu Trump em sua rede Truth Social.
… Israel não disse que não nem que sim e continuou bombardeando Teerã, mas o ministro das Relações Exteriores iraniano, Seyed Abbas Araghchi, criou uma pequena confusão à noite quando foi ao X para desconhecer o acordo.
… “Até o momento, NÃO há acordo sobre qualquer cessar-fogo ou cessação de operações militares. No entanto, desde que Israel cesse a sua agressão ilegal contra o povo iraniano até as 4h (horário de Teerã), não temos intenção de continuar nossa resposta depois disso.”
… O horário não batia com o informado por Trump, mas o mais importante foi Araghchi ter admitido o cessar-fogo.
… Vitorioso em sua aposta, Trump disse que o conflito poderia ter durado anos, mas será encerrado em 12 dias. E saiu abençoando todo mundo: “Deus abençoe Israel, Deus abençoe o Irã, o Oriente Médio, os Estados Unidos da América e Deus abençoe o mundo”.
… No início dos pregões asiáticos, o petróleo Brent já era negociado abaixo de US$ 70, enquanto os futuros de NY subiam, refletindo as esperanças de que o pior do conflito no Oriente Médio já passou.
MAIS AGENDA – O índice IFO com as Expectativas e o Clima de Negócios na Alemanha em junho abre o dia dos mercados na Europa (5h), seguido por discursos de três dirigentes do BCE: Luis de Guindos (8h15), Christine Lagarde (10h) e Phillip Lane (10h45).
… Nos EUA, além de Powell – principal interesse – falam hoje John Williams/Fed de NY (13h30) e Michael Barr (17h).
… Entre os indicadores americanos, saem as transações correntes (9h30), o índice Redbook (9h55) e preços dos imóveis em abril (10h). Às 11h, a Conference Board divulga a Confiança do Consumidor em Junho e, às 17h30, a API informa os estoques de petróleo.
… Aqui, além da ata do Copom, a FGV divulga a Confiança do Consumidor de junho – também às 8h.
HADDAD – Ao lado de Padilha, o ministro da Fazenda participa de coletiva (14h) sobre o programa “Agora Tem Especialistas”, que permite a hospitais privados prestar atendimento especializado a pacientes do SUS em troca de abater dívidas tributárias com a União.
… Nesta 2ªF, Haddad reuniu-se com Lula para discutir como impulsionar o programa “Acredita”, que tem como objetivo ampliar o acesso ao crédito do País, garantindo mais apoio aos Microempreendedores Individuais (MEIs) e às micro e pequenas empresas.
ISENÇÕES – Em entrevista nesta 2ªF à Rádio CBN, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que a previsão da equipe econômica é de apresentar nesta semana ao Congresso um projeto para reduzir os benefícios fiscais.
… A ideia é um corte linear de 10% para enfrentar o tamanho das desonerações, que estão saindo da ordem de R$ 550 bilhões ao ano para R$ 750 bilhões ao ano, podendo chegar a R$ 800 bilhões ao ano. A intenção é apresentar um projeto de lei, não uma PEC.
PRA INGLÊS VER – Sem fator de surpresa e com aviso prévio ao Catar, a retaliação coreografada do Irã ao ataque americano de sábado contra as instalações nucleares deixou muito claro que Teerã não pretende esticar a corda.
… Alguma vingança era inevitável, nem que fosse para salvar a retórica dos aiatolás de que o “Grande Satã” [EUA] não sairia impune. Mas cumprido o script, o recado foi de que agora estão todos quites e vida que segue…
… Quisesse escalar o conflito, o regime iraniano teria usado a carta na manga de fechar o Estreito de Ormuz, ponto mais sensível economicamente, pelo impacto pesado que causaria ao fluxo mundial de petróleo.
… Mas preferiu tirar o time de campo, na resposta estratégica que abriu uma liquidação de quase 7% no Brent/ago (-6,67%, a US$ 70,52) e desmontou os prognósticos de que o barril pudesse se lançar aos US$ 100.
… Para o Brasil, a desvantagem foi o tombo do petróleo ter custado queda firme às ações da Petrobras (ON, -2,81%, a R$ 34,90; e PN, -2,50%, a R$ 32,00), que ontem devolveram todo o salto da semana passada.
… Embora descolado dos ganhos das bolsas em NY, o Ibovespa registrou queda moderada, de 0,41%, aos 136.550,50 pontos, com giro de R$ 20,4 bi. Em véspera de ata do Copom, o setor financeiro também recuou.
… Antecipando-se à linguagem do BC, que deve continuar duro na queda, Bradesco PN caiu 0,78% (R$ 16,49); Bradesco ON, -0,70% (R$ 14,19); Itaú, -0,22% (R$ 36,56); Santander, -1,19% (R$ 29,12); e BB, -1,22% (R$ 21,09).
… Com o provável fim do ciclo de alta da Selic e de olho na eleição de 2026, em meio ao desgaste da popularidade de Lula, o UBS elevou ontem a recomendação de ações brasileiras de neutra para “overweight”.
… Analistas do banco avaliam que decisão do BC de elevar o juro a 15% foi a última e projetam corte para abril.
… Na avaliação do UBS, mesmo com os ganhos acumulados de 13,5% do Ibovespa este ano, ainda há espaço para o índice à vista da bolsa doméstica ampliar a recuperação, diante da queda de 40% registrada em 2024.
… Vale ON seguiu ontem o minério de ferro (+0,50%) e avançou 1,26%, fechando na máxima de R$ 50,55.
… Ainda no lado positivo, BRF liderou o ranking (+4,67%; R$ 21,76), seguida de Marfrig (+4,46%; R$ 24,36). A assembleia de acionistas que discutirá fusão das companhias foi agendada para 14/7, após adiamento pela CVM.
A EQUAÇÃO VANTAJOSA – Imaginando que se concretize o plano de voo do Fed de cortar os juros duas vezes este ano (50pb no total) e que, de outro lado, a Selic demore muito tempo para cair, o real promete fôlego.
… Já nas próximas horas, dando tudo certo com o cessar-fogo e Powell, o dólar não deve ter dificuldade para furar R$ 5,50. Ontem, caiu 0,39%, a R$ 5,5032, com a resposta inofensiva do Irã e o viés dovish dos Fed boys.
… Christopher Waller não está sozinho. Michelle Bowman afirmou que, caso as pressões inflacionárias permaneçam contidas, ela poderá apoiar um corte de juros já na próxima reunião do Fed, no mês que vem.
… Austan Goolsbee disse que, até agora, o impacto das tarifaço de Trump não foi tão ruim quanto se temia.
… Combinadas ao alívio de tensões no Oriente Médio, as novas declarações sobre espaço para o juro cair logo colaboraram para enfraquecer o dólar globalmente. O índice DXY fechou em queda de 0,29%, a 98,416 pontos.
… O euro subiu 0,50%, para U$ 1,1577, a libra avançou 0,56%, a US$ 1,3524, e o iene caiu para 146,13/US$.
… O câmbio doméstico amanhece hoje com a novidade de que o BC realizará amanhã operação simultânea de leilão de venda de dólar à vista e swap reverso, o que, na prática, corresponde à compra de dólar futuro.
… A oferta em cada operação será de US$ 1 bi. O Broadcast apurou que a intervenção cambial dupla tenta prevenir estresse recente identificado no cupom cambial, provavelmente relacionado a saídas de recursos.
… “O fim de semestre sempre traz certa pressão”, explicou o diretor de Investimentos da Azimut, Leonardo Monoli, destacando que um mercado de cupom cambial mais funcional favorece operações de carry trade.
… Na véspera da ata do Copom, a curva do DI optou por oscilações contidas, deixando de lado a perspectiva desinflacionária que poderia ter sido transmitida aos juros futuros pela onda vendedora do petróleo.
… No fechamento, o contrato para Jan/26 marcava 14,955% (de 14,958% no ajuste anterior); Jan/27, 14,255% (de 14,279%); Jan/29, 13,375% (de 13,408%); Jan/31, 13,510% (de 13,529%); e Jan/33, 13,600% (de 13,607%).
… O DI quer conferir se a ata servirá como tira-teima de todo o conservadorismo assumido pelo comunicado.
… Entre os Treasuries, a esperança em corte antecipado do juro pelo Fed, de setembro para julho, derrubou os yields da Note de 2 anos, para 3,847% (contra 3,905% no pregão anterior), e de 10 anos (4,335%, de 4,379%).
… Também as bolsas em NY faturaram o cenário aberto para um potencial relaxamento monetário antes do que se imaginava. O ataque simbólico do Irã a alvos americanos contribuiu para animar a chance de um Fed dovish.
… O índice Dow Jones registrou valorização de 0,89%, aos 42.581,78 pontos, no fechamento dos mercados à vista. O S&P 500 avançou 0,96%, aos 6.025,19 pontos, enquanto o Nasdaq subiu 0,94%, aos 19.630,98 pontos.
EM TEMPO… JBS captou US$ 3,5 bilhões com títulos de dívida em dólar (bonds); “book” atingiu US$ 16,7 bilhões, volume quase cinco vezes maior que a oferta…
… Papéis foram divididos em três tranches; a mais curta (10 anos) teve taxa de 1,25% acima do T-note de mesmo vencimento e yield de 5,572%…
… Segunda tranche (30 anos) fechou com taxa equivalente a Treasuries mais 1,4% e yield de 6,265%; a terceira tranche (40 anos) foi marco da operação, já que pela primeira vez uma companhia do país emitiu com esse prazo…
… JBS USA Food Company iniciou oferta para recompra de US$ 1 bilhão em notas seniores com vencimento em 2027 e taxa de juros de 2,500%, emitidas anteriormente por subsidiárias da companhia nos EUA…
… Oferta está programada para expirar na próxima 6ªF, às 17h, no horário de NY. A JBS Food Company também pretende resgatar todas ou parte de suas notas seniores de 5,125% com vencimento em 2028.
OI firmou acordo com credores de notes e da 7ª emissão de debêntures para capitalizar juros.
IGUATEMI. Conselho de Administração aprovou alienação de 49% dos shoppings Market Place e Galleria e do Edifício Market Place Towers; venda das participações nos ativos foi anunciada em abril; comprador não foi revelado…
… Também foi aprovada a venda de 24% das unidades do futuro empreendimento residencial a ser construído no complexo Market Place e de 16,7% do empreendimento comercial no Galleria, ambos com conclusão em 2029…
… Segundo a companhia, participação no Market Place foi vendida por R$ 219,74 milhões, enquanto a fração do Galleria foi alienada por R$ 84 milhões; já a participação no Market Place Towers foi avaliada em R$ 146,36 mi…
… Frações dos futuros empreendimentos somaram o montante de R$ 49,88 milhões; operação totalizou cerca de R$ 500 milhões, como já havia sido anunciado pelo Iguatemi.
GRUPO MATEUS aprovou a distribuição de R$ 150 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,0670 por ação ON, com pagamento até 31/12; ex em 27/6.
SÃO MARTINHO encerrou o 4Tri da safra 2024/25 com lucro líquido de R$ 105 milhões, queda de 83,3% na comparação com igual período do ciclo anterior. O Ebitda ajustado somou R$ 771,4 milhões, recuo de 33,2%…
… A receita líquida foi de R$ 1,74 bilhão entre janeiro e março, 28,2% abaixo de igual intervalo da safra anterior.
BRAVA ENERGIA. Acionistas detentores de 28,7% das ações votaram a favor da exclusão de alguns artigos do estatuto que tratam da obrigatoriedade de OPA em caso de aquisição de participação relevante da companhia.
VIBRA ENERGIA comprou controle da Repelub, empresa do Grupo RP especializada na revenda “retalhista” de combustíveis (TRR, no jargão desse mercado) com foco em óleo diesel (Capital/O Globo)…
… Companhia adquirida concentra suas operações no Estado de Minas Gerais.
COPEL. Conselho de Administração aprovou início do processo de migração para o Novo Mercado da B3; migração será submetida à deliberação dos acionistas em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) marcada para 4/8.
AMBIPAR retirou projeções relacionadas à potencial parceria com Dow Brasil Sudeste Industrial, cujas negociações haviam sido anunciadas em outubro; nenhum acordo foi definido ou celebrado entre as partes até ontem.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
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AVISO – Bom Dia Mercado, produzido pela Mídia Briefing, não pode ser copiado e/ou redistribuído.
Sangue-frio à espera da resposta do Irã
Por Rosa Riscala e Mariana Ciscato*
[23/06/25]
… Os mercados surpreenderam na abertura dos pregões asiáticos, com perdas moderadas aos ataques dos Estados Unidos às instalações nucleares do Irã, neste sábado. O petróleo Brent registrou alta de 5%, pouco acima de US$ 80, uma pressão bem razoável, diante das previsões mais alarmistas de que pode ir a US$ 100 se os conflitos no Oriente Médio se agravarem. Investidores ainda buscavam os ativos de segurança, como dólar e Treasuries, mas sem pânico, à espera de uma reação do Irã que possa atingir o fluxo de energia. Ainda há poucas informações sobre o que se deve esperar como consequências. A principal expectativa é se o Irã fechará o Estreito de Ormuz, por onde passa 20% do petróleo que abastece o mundo, o que pode gerar uma crise com efeitos inflacionários às economias globais.
… Na Bloomberg TV, Bob McNally, presidente da Rapidan Energy Advisers, explicou que o mercado está “um pouco imune a perturbações geopolíticas” e que deve reagir com certa moderação, pelo menos, até que os fluxos de petróleo sejam afetados.
… “Tivemos vários alarmes falsos. A invasão russa da Ucrânia foi um deles. Os preços do petróleo dispararam, mas não houve interrupção. Os traders esperam para ver se o Irã retaliará. Até agora, ninguém puxou o gatilho. Se não o fizerem, o preço se reverterá.”
… Um primeiro sinal de que a situação pode não sair do controle foi a reação dos aliados do Irã, que condenaram veemente o ataque dos Estados Unidos, mas limitaram-se à manifestação retórica, inclusive China e Rússia, sem oferecer apoio efetivo.
… Israel não mostra disposição para diminuir os ataques ao Irã após a ação em Fordow, Natanz e Isfahan, mas o papel dos EUA na guerra parece indefinido. As declarações de Trump soam contraditórias sobre o que seu governo pretende fazer a partir de agora.
… Em seu primeiro pronunciamento, ainda no sábado à noite, o presidente americano exigiu que o Irã parasse de atacar Israel e voltasse à mesa de negociações. “Ou haverá paz ou haverá tragédia para o Irã”, disse ele, ameaçando com novas ações militares.
… Já outras fontes da Casa Branca, inclusive o vice-presidente, JD Vance, dizem que os EUA não estão em guerra com o Irã, mas com o seu programa nuclear. “Não queremos uma mudança de regime [como Israel quer]. Não queremos prolongar isso.”
… Trump diz que as instalações nucleares foram “totalmente destruídas” pelas bombas lançadas pelas forças americanas, mas as imagens de satélite não comprovam isso. Isso pode fazer a diferença para o Irã? A AIEA diz que não há sinais de contaminação radioativa.
… Em postagem nas redes sociais, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, classificou os ataques dos EUA às instalações nucleares como “ultrajantes”, prometendo que eles terão “consequências eternas”.
… O parlamento iraniano pediu o fechamento do Estreito de Ormuz, segundo a TV estatal iraniana. Tal medida, no entanto, não poderá ser realizada sem a aprovação explícita do Líder Supremo, o Aiatolá Ali Khamenei, que não disse nada até agora.
… Teerã poderá, também, optar por outras retaliações, como atingir a infraestrutura de petróleo de fornecedores rivais no Oriente Médio, entre os quais, Arábia Saudita, Iraque ou Emirados Árabes. Riad e Bagdá já manifestaram preocupação com o ataque dos EUA.
… O Irã poderia ainda promover ataques a navios no Mar Vermelho, contando com rebeldes houthis baseados no Iêmen.
… Se as hostilidades se intensificarem, as capacidades de produção de petróleo de Teerã poderão ser alvos, incluindo o importante centro de exportação da Ilha de Kharg. Tal medida elevaria os preços do petróleo bruto, o que os EUA talvez queiram evitar.
… Nos últimos meses, a OPEP+ vem flexibilizando as restrições à oferta em ritmo acelerado, buscando recuperar participação de mercado, e, mesmo assim, seus membros ainda têm mostrado capacidade ociosa substancial que poderia ser reativada.
… O mercado de petróleo tem sido afetado pela crise desde que Israel atacou o Irã há mais de uma semana, com os contratos futuros em alta, os volumes de opções disparando junto com as taxas de frete e a curva de futuros se deslocando para refletir as tensões.
… O Oriente Médio responde por cerca de um terço da produção global de petróleo bruto, e preços mais altos e sustentados aumentariam as pressões inflacionárias em todo o mundo. O ataque dos EUA pode ser uma conflagração do conflito.
… Investidores testam o sangue-frio, mas estão atentos e qualquer movimento pode desencadear uma rápida e brusca mudança.
… Ainda na Bloomberg, Helima Croft, chefe de estratégia global de commodities do RBC, alerta que não se pode dizer que o pior já passou.
… “Pode levar alguns dias ou até semanas para discernir a resposta iraniana a este ataque sem precedentes às suas instalações nucleares e ao seu pessoal-chave. Uma expansão mais ampla [do conflito] ainda não pode ser descartada neste momento.”
… Analistas avaliam que, embora os representantes de Teerã, como Hezbollah e Hamas, estejam enfraquecidos, não foram eliminados.
… Hoje, reunião de emergência da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está marcada para discutir o ataque ao Irã, enquanto o ministro das Relações Exteriores iraniano, Seyed Abbas Araghchi, deve se encontrar com Putin.
AGENDA DA SEMANA – O testemunho de Powell no Congresso dos EUA – amanhã (3ªF) na Câmara e 4ªF no Senado – vem a calhar para comentar o agravamento da guerra Israel-Irã e os riscos de alta do petróleo e pressões inflacionárias.
… A semana terá ainda as falas de vários outros membros do Fomc, que tendem a seguir a linha de cautela, com exceção de um ou outro integrante mais dovish, como Christopher Waller (hoje), que defende a possibilidade de corte de juros a partir de julho.
… Entre os indicadores nos EUA, o PCE de maio na 6ªF pode estar comprometido pelas novas expectativas para o petróleo. Um dia antes, na 5ªF, a leitura final do PIB/1Tri americano deve confirmar a retração provocada pelas importações antecipadas às tarifas.
… Hoje, várias prévias do índice PMI composto de junho serão divulgados, na Zona do Euro, Alemanha, França, Reino Unido e EUA (10h45). No Japão, o indicador subiu de 50,2 em maio para 51,4, indicando expansão.
… A presidente do BCE, Christine Lagarde, tem três pronunciamentos previstos para a semana, o primeiro deles hoje (10h), e também deve comentar sobre o agravamento dos conflitos no Oriente Médio e os riscos inflacionários com o eventual encarecimento do petróleo.
… Entre os Fed boys, além de Waller (5h), falam hoje Michelle Bowman (11h), Austan Goolsbee (14h10) e Adriana Kugler (15h30).
… Ainda nos EUA, saem as vendas de casas usadas em maio (11h) e na Zona do Euro, a prévia da Confiança do Consumidor de junho (11h).
NO BRASIL – A expectativa é para a ata do Copom (amanhã), que elevou a Selic de 14,75% para 15%, e descartou cortes do juro este ano, avisando, inclusive, que pode voltar a subir o juro se as expectativas inflacionárias não convergirem para a meta de 3%.
… A semana ainda tem indicadores importantes, como os dados das transações correntes de maio (4ªF), o IPCA-15 de junho (5ªF) e dados do emprego, com o Caged e a taxa de desemprego do IBGE (6ªF). Na 6ªF, também será divulgado o IGP-M de junho.
… Hoje, mais uma pesquisa Focus (8h25) atualiza as projeções do IPCA, com destaque para as expectativas futuras, e da Selic. Um pouco antes (8h), sai o IPC-S semanal. E, às 15h, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulga o saldo semanal da balança comercial.
… Em Brasília, o Congresso pode ter mais uma semana esvaziada pelas festas juninas, quando parlamentares permanecem em suas bases, mas com o ministro Fernando Haddad de volta das férias, podem surgir novidades sobre a política fiscal.
MEDINDO FORÇAS – Apesar da promessa do Copom de manter os juros elevados por período “bastante prolongado”, em vez de apenas “prolongado”, como na comunicação anterior, o mercado foi para cima do BC.
… Insensível à intenção do comitê de Galípolo de afastar a perspectiva de cortes precoces da Selic até a metade do ano que vem, parte da curva do DI se lançou à especulação de que a taxa básica já possa cair em jan/2026.
… É verdade que esta aposta mais ousada deve ser corrigida no caso de o choque externo da guerra explodir os preços do petróleo nestas próximas semanas a ponto de configurar sério risco à pressão inflacionária doméstica.
… Também a ata do Copom ainda pode virar esta onda dovish, que desafia o conservadorismo do comunicado.
… Mas no pregão regular da última 6ªF, um dia antes de os EUA atacarem o Irã, cálculos ao Broadcast do economista Carlos Lopes (do Banco BV) indicaram no DI um terço de chance de a Selic cair 25pb em janeiro.
… A probabilidade maior, no entanto, ainda se concentra em um relaxamento em abril. Março também tem adeptos.
… Entre os bancos, o JPMorgan está mais arrojado do que os próprios traders, antecipando queda do juro em dezembro/25, com a Selic terminando 2026 em 10,75%, ou seja, redução acumulada de 4,25pp. A expectativa intermediária segue em 12,50%.
… Uma grande vantagem de o Copom ter adotado um tom superhawkish é que acabou se protegendo contra o cenário ainda altamente incerto em relação ao conflito no Oriente Médio e protecionismo econômico de Trump.
… A trégua nas tarifas recíprocas termina em 9 de julho e a demora nas negociações acende o sinal amarelo.
… Na volta do feriado de Corpus Christi, a curva do DI só respeitou o recado duro do Copom na ponta curta, com alta das taxas. Já o trecho médio e longo recuou, acreditando que o ciclo de aperto acabou e antecipando cortes.
… No fechamento, o DI para Jan/26 subiu a 14,960% (de 14,868% no ajuste anterior) e o Jan/27, a 14,270% (de 14,250%). Já o Jan/29 caiu a 13,390% (de 13,550%); Jan/31, a 13,510% (13,705%); e Jan/33 a 13,590% (13,771%).
… A primeira reação do câmbio ao Copom firme, que eleva o diferencial de juro e reforça a atração de k externo no curto prazo, foi de alívio no dólar para R$ 5,4696 na mínima pela manhã. Mas o bom humor não durou.
… A falta de medidas concretas na reunião entre diplomatas europeus e iranianos, realizada em Genebra, e o desprezo de Trump às negociações (“o Irã não quer conversar com a Europa”) deixaram o mercado na defensiva.
… O dólar zerou toda a queda observada na primeira metade do dia e fechou em alta de 0,44% (R$ 5,5249).
DORMIU VENDIDO EM RISCO – Já de largada na 6ªF, o Ibovespa tinha contratada a reação negativa ao plano do Copom de manter a Selic alta por muito tempo. Ao longo do dia, a tensão externa só aprofundou a cautela.
… O índice à vista da bolsa doméstica queimou 1.600 pontos e fechou em baixa de 1,15%, na faixa dos 137 mil pontos (137.115,83). O volume financeiro de R$ 31,3 bilhões foi inflado pelo exercício das opções sobre ações.
… Os interesses dos vendidos, em dia de vencimento, derrubaram a Vale (ON, -2,58%, a R$ 49,92), apesar da alta de quase 1% do minério. Petrobras PN caiu 0,27% (R$ 32,82), mas ON avançou 0,45% (R$ 35,91).
… Os papéis dos bancos recuaram em bloco: Itaú, -0,52% (R$ 36,64); Bradesco PN, -0,84% (R$ 16,62); Bradesco ON, -1,11% (R$ 14,29); Santander unit, -2,03% (R$ 29,47); e BB ON registrou desvalorização de 2,11% (R$ 21,35).
… Lá fora, apesar da turbulência com o Irã, o petróleo Brent realizou lucro (-2,33%; US$ 77,01) e praticamente zerou tudo o que saltou no pregão anterior (+2,8%). Mas hoje, já abriu a US$ 81,40, em alta de 5,7%.
… Pressão defensiva à vista também para o dólar, que na 6ªF se ajustou em queda ao comentário do Fed boy dovish Christopher Waller, defendendo que os EUA têm condição de cortar o juro já na próxima reunião, no mês que vem.
… Para ele, o efeito das tarifas deve ser pontual e não causar inflação persistente. Trump deve ter aplaudido a defesa pelo alívio na política monetária, mas a opinião de Waller não é compartilhada por todos os seus colegas.
… Tom Barkin (Fed/Richmond) reverberou a falta de pressa de Powell em reduzir a taxa de juros e recomendou que não seja ignorada prematuramente a hipótese de um pico da inflação nos EUA, que segue acima da meta.
… Na mesma linha de pensamento, Mary Daly (Fed/São Francisco) projetou o horizonte de um corte mais para frente. “Espero mais o outono [setembro a novembro nos EUA] do que julho”, disse, segundo o ForexLive.
… Apesar da divisão interna no Fed, o índice DXY do dólar testou uma queda com a fala dovish de Waller.
… Caiu 0,20%, a 98,707 pontos. O euro ganhou 0,21%, negociado a US$ 1,1525. O HSBC espera que a moeda do bloco europeu suba para US$ 1,20 no 4Tri, com a política tarifária e fiscal de Trump desestabilizando o dólar.
… A libra recuou 0,11%, a US$ 1,3448 no último pregão, e também o iene fechou em queda, a 146,12/US$.
… Num misto de reação ao corte de juro defendido por Waller em julho e ao clima de alerta com o Irã, caíram os juros dos Treasuries de 2 anos (3,905%, de 3,934% antes do feriado nos EUA) e 10 anos (4,379%, de 4,384%).
… No ambiente de esperar para ver o que poderia rolar no final de semana em relação ao conflito do Oriente Médio, as bolsas em NY anularam os ganhos iniciais e exibiram alguma procura por posições defensivas.
… Dow Jones estável (+0,08%, a 42.206,82 pontos); S&P 500, -0,22% (5.967,82); e Nasdaq, -0,51% (19.447,41).
EM TEMPO… Pressionada pelo ala baiana do governo (Rui Costa e Jaques Wagner) e o ministro Alexandre Silveira, a VALE mantém estudos para comprar a mineradora Bamin, sediada na Bahia, segundo O Globo…
… Altamente endividada, a Bamin estaria precisando de investimentos bilionários, estimados em US$ 5,5 bi.
MINERVA. Conselho aprovou homologação de aumento de capital de R$ 2 bilhões, por meio da emissão de 386,8 milhões de novas ações ON, e atribuição de 193,4 milhões de bônus de subscrição como vantagem adicional.
TENDA recebeu R$ 159,0 milhões em primeira etapa de securitização de certificados de recebíveis imobiliários (CRI), emitidos pela Opea Securitizadora, em sua 448ª emissão, com distribuição realizada pela Galapagos.
TRACK&FIELD informou que seu conselho de administração aprovou a distribuição de juros sobre capital próprio (JCP) no valor bruto total de R$ 9,8 milhões, a R$ 0,064 por ação PN. Ex na próxima 5ªF.
AOS ASSINANTES DO BDM, BOM DIA E BONS NEGÓCIOS!
*com a colaboração da equipe do BDM Online
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